Um mês após pedir trégua a lideranças sindicais para negociar empréstimos bancários e se comprometer a pagar em até 90 dias os lotes de aves entregues pelos integrados, a Doux Frangosul voltou a atrasar os pagamentos por 118 dias. Segundo informações de regiões que concentram, pelo menos, metade dos 2,2 mil integrados, todas as entregas feitas a partir de 14 de outubro não foram acertadas. Na reunião, na sede da empresa, a Doux teria garantido ainda baixar o prazo para 45 dias até março. A única parte do trato cumprida até agora é que a empresa regularizou o abastecimento de ração.
O tesoureiro da Associação de Criadores de Aves e Suínos dos Vales do Caí e Taquari, Rigoberto Kniest, diz que os associados não sabem mais o que fazer. Com o temor dos produtores em entrarem com ações judiciais e sofrer retaliações, o dirigente cobra que prefeituras e Fetag pressionem, de forma mais incisiva, por uma regularização. Em Passo Fundo, a situação é a mesma.
Na próxima sexta-feira, avicultores analisam se mantêm a suspensão dos alojamentos adotada por cem integrados desde janeiro. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo Fundo, Alberi Ceolin, vencimento de empréstimos podem enfraquecer a mobilização. Em Montenegro, os atrasos chegam a 110 dias, reclama o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, Romeu Krug, mas os produtores aguardam o prazo acordado.
Frente ao descumprimento do acordo, o presidente da Fetag, Elton Weber, disse que, na semana que vem, reunirá a Comissão de Integrados da federação para discutir medidas mais drásticas como a realização de protestos. O secretário do Desenvolvimento, Mauro Knijnik, disse que tentaria marcar reunião com Charles Doux para discutir algumas opções. Contudo, nenhuma agenda foi confirmada neste sentido.
A Doux informa que vem realizando diariamente pagamentos de lotes e que está empenhada em regularizar prazos com integrados no menor tempo possível.