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Agroindústrias

Desafios da Tyson

Donnie Smith, presidente da Tyson Foods, fala sobre os desafios da maior produtora de carne dos Estados Unidos.

Desde que foi escolhido para a presidência executiva da maior produtora de carne dos Estados Unidos, em novembro, Donnie Smith ajudou a salvar a Tyson Foods Inc. de um dos momentos mais difíceis de sua história. Agora que a empresa voltou ao lucro após registrar prejuízos trimestrais recordes, chegou a hora de encarar o momento mais árduo do processo de recuperação.
Os frigoríficos têm um histórico de desperdiçar os momentos favoráveis aumentando demais a produção, numa tentativa de conquistar mais mercado, o que geralmente aumenta seus custos com rebanho e colabora para torná-los reféns dos ciclos de expansão e colapso do mercado de commodities.

As autoridades americanas de defesa da concorrência já começam a expressar preocupação com o poder excessivo das grandes empresas de agronegócio sobre os produtores rurais. A Tyson, que abate anualmente 2 bilhões de frangos, 20 milhões de porcos e 7 milhões de bovinos, vende carne para algumas das maiores redes de lanchonetes e supermercados do mundo. Ela é dona da marca Macedo no Brasil e tem fábricas em Itápolis e São José, em Santa Catarina, e Campo Mourão, no Paraná.

Smith acha que a empresa ficará estabilizada por um período, mas está confiante de que a Tyson, sediada em Springdale, no Estado de Arkansas, conseguiu baixar seus custos o suficiente para conquistar novos clientes. Ele teme que a recessão tenha deixado as empresas preocupadas demais com tamanho excessivo.

O esbelto Smith, de 50 anos, trabalha à sombra de uma das famílias mais poderosas no mundo da alimentação. A família de Don Tyson, o magnata de 80 anos que ajudou a transformar a produção de frango num negócio de escala industrial, possui cerca de 70% das ações da empresa com direito a voto, e seu filho, John, preside o conselho.

Smith, que dá aula de catecismo aos domingos, diz que uma de suas tarefas mais importantes como diretor-presidente é promover uma cultura ética. A empresa emprega 120 capelães e Smith publica no blog da empresa textos sobre a importância da integridade. Ele diz que não está preocupado com o risco de não ir para o céu, porque “alimentar as pessoas é um objetivo louvável”.

De seu escritório oval, Smith falou sobre conduzir um rebanho. Trechos:

WSJ: Quanto tempo a economia ficará estagnada?

Smith: Não acho necessariamente que vamos entrar em outra recessão. Mas também não acho que vamos sair do buraco rapidinho. Se quisermos aumentar a fatia do mercado, precisamos de uma boa estrutura de custos.

WSJ: Como o sr. está baixando o custo do frango?

Smith: Éramos muito pouco competitivos no rendimento do peito de frango. O principal motivo é que passamos a desossar mais frangos mecanicamente vários anos atrás. Agora voltamos ao processo manual, e o rendimento melhorou bastante (…) o que também diminuiu o custo.

WSJ: O apoio do governo à indústria de álcool de milho afetou seus negócios?

Smith: Antes de 2006, quando o etanol passou a consumir um terço da safra de milho [dos EUA], o custo de produzir 450 gramas de frango estava na faixa de US$ 0,20. Agora, fica na faixa de US$ 0,35.

WSJ: O que sr. acha que deve ser feito com a indústria do etanol?

Smith: Deixem as empresas concorrer sem incentivos tributários.

WSJ: Qual é o seu estilo de administração?

Smith: Tenho um pequeno ditado: a resposta está sempre na mesma sala. Temos de libertar as pessoas, deixar que operem num cenário em que não há medo. Todo mundo comete erros. Não se preocupe com eles. Vamos deixar os erros para trás e seguir adiante. Adotamos esse espírito fortalecedor e vamos lá resolver os problemas.