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Agroindústrias

Desvalorização do real transforma JBS em máquina de fazer dinheiro

A processadora de carnes conseguiu cortar seu nível de endividamento.

Desvalorização do real transforma JBS em máquina de fazer dinheiro

Os acionistas da JBS SA estão lucrando com os problemas políticos e econômicos do Brasil conforme a acelerada desvalorização da moeda do país impulsiona as vendas de carne, gerando quantias recordes.

 A dívida emitida pela empresa com sede em São Paulo, que comprou rivais americanas como Pilgrim’s Pride e Swift & Co. para se tornar a maior produtora de carne do mundo, proporcionou o maior retorno dentre os 160 valores mobiliários de empresas brasileiras acompanhados pela Bloomberg este ano. Os US$ 750 milhões em notas com vencimento em 2024 tiveram ganho de 4,2%, ante um resultado médio de 2,8% de prejuízo.
 O surto de gastos do diretor executivo Wesley Batista no exterior, que trouxe a dívida a patamares recordes em 2012, está proporcionando recompensas enquanto a queda do real para o valor mais baixo em 12 anos faz aumentar o valor da receita da JBS no exterior.

 A moeda é a que mais se desvalorizou dentre as principais divisas do mundo enquanto a presidente Dilma Rousseff enfrenta dificuldades para reverter a situação econômica e uma investigação de corrupção desgasta a confiança dos investidores. O banco central disse na terça feira, 24, que vai extinguir um programa de swap cambial que sustentou o real nos dois anos mais recentes.

“A alta do dólar foi uma bênção para a JBS”, disse por telefone Carlos Gribel, diretor de investimentos de renda fixa da Andbanc Brokerage, desde Miami. “É minha opção preferida entre as empresas brasileiras de alto rendimento.”

O rendimento dos títulos da JBS com vencimento em 2024, classificados como BB pela Standard & Poor’s, caíram de 7,47% para 6,99% no final do ano passado. Isso diminuiu a distância em relação a obrigações semelhantes vendidas pela rival americana Tyson Foods Inc., com classificação BBB, de 3,88 pontos para 3,72 pontos no mesmo período.

 A JBS, que recebe quase 80% de suas vendas em dólares, protegeu sua dívida denominada em dólares contra aquilo que Batista chamou de “exposição ao panorama político brasileiro”. Ele conversou com os investidores no dia 15 de agosto quando o dólar valia R$ 2,26. Na terça feira, a moeda americana era negociada no Brasil cotada em R$ 3,14.

 A geração de dinheiro foi multiplicada em mais de sete vezes, chegando ao recorde de R$ 4,7 bilhões (US$ 1,5 bilhão) no ano passado, enquanto a dívida líquida caiu para 2,1 vezes a renda antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização, ante 3,7 vezes um ano atrás e 4,3 vezes no segundo trimestre de 2012, de acordo com dados proporcionados pela empresa.

 A processadora de carnes conseguiu cortar seu nível de endividamento enquanto gastava mais de US$ 5 bilhões desde 2013 em acordo para expandir suas atividades no ramo das carnes de aves, suínos e alimentos processados no Brasil, México e Austrália. Batista, cujo pai, José Batista Sobrinho, fundou a JBS em 1953, disse aos investidores em 12 de março que o foco da empresa está em reduzir a dívida e ampliar as margens de lucro das operações existentes, e não estaria interessada em novas aquisições.