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Donos de frigoríficos e empregados não chegam a um acordo salarial

Os patrões começaram com uma proposta de 4% de reposição salarial e 1% no mês de julho. Depois, acabaram oferecendo os 5% de uma só vez.

Redação (18/03/2009) – Donos dos frigoríficos Bertin, Marfrig e outros da Capital e interior de Mato Grosso do Sul não chegaram a um acordo com os empregados na reunião de hoje na sede do sindicato patronal dos proprietários de frigoríficos. Os patrões começaram com uma proposta de 4% de reposição salarial agora e 1% no mês de julho. Depois, acabaram oferecendo os 5% de uma só vez, agora. Os empregados, que sustentavam a proposta de um piso salarial de R$ 530,00 e um aumento de 12% (mesmo dado pelo governo para o salário mínimo) para quem ganha acima desse valor, acabaram apresentando uma contra proposta de piso de R$ 500,00 e reposição salarial de 10%.

As duas categorias ficaram de voltar a sentar na segunda-feira (23). Entretanto, até lá, não está descartada a greve no frigorífico Bertin, em Naviraí, segundo revelou o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Mato Grosso do Sul – FTIA/MS, Vilson Gimenes Gregório.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Naviraí, Algemiro Lopes, informou que ainda esta semana convocará uma assembléia geral da categoria para apresentar esse quadro indefinido hoje na sede do sindicato patronal. “Se a categoria optar por paralisar imediatamente as atividades, faremos isso com o apoio da Federação e da CUT (Central Única dos Trabalhadores)”, afiançou.

No encontro da última terça (17), representantes de pelo menos oito frigoríficos de Mato Grosso do Sul (a maioria, pequenos e médios) estiveram reunidos com lideranças sindicais do setor laboral. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Bataguassu, Raimundo Nonato do Nascimento, também esteve presente à reunião.

O líder sindical explicou que o encontro de hoje foi uma solicitação do Tribunal Regional do Trabalho – TRT, que esteve em Bataguassu na semana passada procurando intermediar as negociações entre patrões e empregados, através de suas respectivas entidades de classe. O tribunal, segundo ele, solicitou que a greve deflagrada em Bataguassu fosse suspensa até essa reunião de hoje. “Portanto, não está descartada a possibilidade de voltarmos a qualquer momento à greve”, comentou o sindicalista.

O presidente do sindicato patronal dos frigoríficos, empresário Ivo Scarcelli intermediou as negociações hoje. Ele contou com o apoio jurídico do advogado João Campos. Segundo ele, os grandes frigoríficos do Estado (Marfrig e Bertin, no caso) estariam dispostos a avançar mais nos números, mas os pequenos e médios frigoríficos dificilmente conseguiriam acompanhar qualquer acordo semelhante. Por isso ele sugeriu, através do assessor jurídico, que as negociações fossem feitas em separado. Ou seja, através dos respectivos sindicatos das diversas regiões do Estado.

Vilson Gimenes lembrou que os empregados em frigoríficos de Mato Grosso do Sul já chegaram a ganhar até dois salários mínimos de piso. Depois, foi baixando e até há dois anos, chegaram a ganhar um salário mínimo e meio. A defasagem avançou muito e hoje estão praticamente assalariados. “Precisamos avançar para recuperar essas perdas e os empresários precisam entender que já faturaram muito ao longo de muitos anos e é justo que remunerem bem os empregados nesse momento”, comentou.

Empréstimo de R$ 1 bilhão

Representantes do frigorífico Bertin, presentes à reunião confirmaram que a empresa está procurando empréstimos bancários para amenizar a situação financeira que atravessam. Segundo Vilson Gregório, só o Bertin estaria pleiteando R$ 300 milhões. Somados ao que outros grandes frigoríficos do Estado estariam pleiteando, a soma ultrapassa R$ 1 bilhão e esse dinheiro, segundo sindicalistas, seria subsidiado em nome de um socorro à crise financeira dos frigoríficos.

Na reunião de hoje sindicalistas comentaram também que o Bertin, o Marfrig e outros dois frigoríficos do Estado pegaram, só no ano passado, R$ 4,5 bilhões. “Então, não cabe ao trabalhador arcar com esse ônus”, comentou o sindicalista.