Os volumes de exportação fecharam o ano passado com recordes, tanto em aves quanto em suínos. 2016 foi um ano difícil devido aos altos custos de produção, com o preço do milho elevado às alturas. O produtor brasileiro ainda conviveu com a crise econômica e os altos índices de desemprego, que levaram a uma redução no consumo per capita das principais carnes. Uma queda compensada exatamente pela maior venda no mercado internacional.
Esse ano havia começado com um ânimo diferente. O milho e o farelo de soja indicavam reduções de preço, apontando para um ano de baixo custo produtivo. Com diversos países enfrentando surtos sanitários, como casos de Influenza Aviária, o Brasil despontava com a possibilidade de crescer ainda mais os seus embarques, inclusive abrindo novos mercados. Afinal, era o único grande player avícola a não ter registro de gripe aviária, passando a também ter um papel mais importante em suinocultura no cenário externo.
Só que o quadro positivo começou a mudar em março desse ano. Primeiro, a Operação Carne Fraca da Polícia Federal colocou numa mesma vala todo o setor produtivo ao investigar casos de adulteração de carne e corrupção de agentes fiscais federais. A imagem de qualidade da carne brasileira ficou arranhada. Muito embora países que momentaneamente fecharam suas portas à proteína brasileira a tenham reaberto em seguida, maiores exigências e renegociações passaram a fazer parte das conversas. Segundo, as delações do empresário Joesley Batista no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, trouxeram forte impacto econômico e ampliaram a crise política no país. A JBS é a maior operadora mundial de carnes e integra a holding J&F, que atua nas áreas mais diversas de negócios.
O que tinha tudo para ser um ano positivo, pode resultar em dificuldades para os produtores. Quedas nas exportações podem levar a sobrar carne no mercado interno, principalmente bovina, derrubando os preços e aumentando a competição entre as três principais proteínas. Com uma crise econômica em andamento, o consumo também está retraído. Muito embora o mundo dependa do Brasil como fornecedor de proteína animal, é preciso reestabelecer a confiança na qualidade do produto brasileiro no mercado externo. Ou o resultado pode ser um ano de prejuízos.
Uma boa leitura!
Humberto Luis Marques