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Em busca de acordo

<p>Chapecó propõe a venda de ativos para pagar credores.</p>

Da Redação 14/01/2005 – A Chapecó, que obteve na Justiça de Santa Catarina a prorrogação por mais quatro meses de sua concordata, vai propor um acordo aos seus credores que prevê a venda de ativos para pagar os passivos da empresa.

O diretor-presidente da Chapecó, Celso Schmitz, admitiu que a empresa tentará o acordo porque não terá como pagar os passivos envolvidos na concordata – R$ 220 milhões – até o vencimento desta, em maio próximo. Originalmente, a concordata expiraria na última quarta-feira.

Schmitz reconheceu, ainda, que a empresa pediu concordata no fim de 2003 mesmo sabendo que não conseguiria quitar os débitos já que os passivos da Chapecó são maiores que os ativos.

“A intenção era esperar a provação da nova lei de falência pela qual o credor pode decidir o futuro da empresa”, afirmou. A nova lei, que foi aprovada no Congresso, mas ainda não foi sancionada, acaba com a concordata e cria a recuperação judicial e extra-judicial das empresas.

Com a concordata, a Chapecó conseguiu evitar a falência – vários pedidos foram feitos em 2003. As operações da empresa também foram mantidas depois que as quatro unidades – em Xaxim e Chapecó (ambas em Santa Catarina), Santa Rosa (RS) e Cascavel (PR) – foram arrendadas por outros frigoríficos em 2003.

O valor de R$ 220 milhões envolvido na concordata se refere a créditos sem privilégios e garantias. Desse total, R$ 156 milhões são créditos com bancos e R$ 64 milhões com fornecedores.

Além disso, a empresa tem dívidas aproximadamente R$ 40 milhões em passivos trabalhistas e causas cíveis, R$ 39,5 milhões em impostos e contribuições sociais e cerca de R$ 700 milhões em créditos hipotecários.

Schmitz estima que os ativos da Chapecó (imóveis) valham R$ 200 milhões. Além disso, informou, a empresa tem mais de R$ 300 milhões em créditos fiscais, que desapareceriam no caso de uma eventual falência.

De acordo com o diretor-presidente da Chapecó, os recursos provenientes dos arrendamentos estão sendo utilizados para pagar indenizações trabalhistas, que totalizavam R$ 17,689 milhões em 31 de dezembro de 2002, ano em que estourou a crise da empresa. Entre 2003 e 2004, a empresa pagou R$ 15,564 milhões desse total em indenizações trabalhistas.

O que a Chapecó quer ao propor o acordo com os credores é evitar a falência, que inviabilizaria as operações das unidades. “Um acordo permitiria a continuidade da empresa e evitaria novos problemas sociais nas regiões onde está a empresa”, afirmou o diretor-presidente.

Pela proposta que a Chapecó apresentará aos bancos – principais credores da empresa -, as unidades seriam vendidas para os arrendatários (que têm preferência na compra) ou para outros interessados, e os recursos seriam utilizados no pagamento de parte das dívidas. Os postos de trabalho seriam preservados.

Celso Schmitz reconheceu que este acordo também implicaria perdas para os bancos, que têm créditos estimados em R$ 856 milhões com a empresa. Ele acredita que se todos os ativos forem vendidos, será possível recuperar 40% do total das dívidas.

A alternativa, em sua opinião, é melhor do que a se vislumbrava no caso de uma venda para a Coinbra, do grupo Dreyfus, que acabou sendo abortada. A empresa propunha pagar R$ 175 milhões pela empresa em 2003. Por essa proposta, os credores conseguiriam recuperar cerca de 20% do total, segundo Schmitz.

A proposta de acordo feita pela Chapecó já foi apresentada ao BNDES, um dos maiores credores e acionista da empresa, que tinha créditos de R$ 560 milhões com o frigorífico há um ano.

De acordo com Schmitz, conversas informais com credores indicam que a grande maioria deve concordar com o plano que a Chapecó está propondo.

Na sua avaliação, um acordo seria melhor para os credores do que a eventual falência da empresa, já que isso significaria paralisação das operações. No caso de uma falência, os ativos seriam leiloados. Com isso, a venda dos ativos poderia demorar a se concretizar.