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Em crise, Cotrel negocia seus ativos com Aurora e Cotrisal

<p>Catarinense ficaria com área de frango e gaúcha, com grãos.</p>

Da Redação 28/07/2005 – Abalada pela seca que liquidou a última safra de verão no Rio Grande do Sul – só nas lavouras de soja a quebra foi de 72%, ou 6 milhões de toneladas -, a Cotrel, uma das maiores cooperativas agropecuárias do Estado, está negociando o arrendamento ou venda de seus ativos para a catarinense Coopercentral Aurora e para a gaúcha Cotrisal, de Sarandi.

O presidente da Cotrel, Luiz Paraboni Filho, anunciou em junho um programa de enxugamento para enfrentar uma perda de receita estimada em 25%, ou R$ 140 milhões no ano como conseqüência da seca, que incluía a transferência de ativos, venda da frota de veículos e redução do número de funcionários, então na faixa de 3 mil pessoas. Procurado esta semana, Paraboni Filho não quis comentar as negociações em andamento.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Aurora, que é a maior cooperativa catarinense nega a transação, mas admite que seus executivos visitaram a Cotrel, em Erechim, na semana passada.

Segundo fontes próximas à negociação, a Aurora teria interesse na área de frangos da Cotrel, um segmento em que hoje a cooperativa catarinense atua com menor escala, mas teria mercado, principalmente no exterior. O frigorífico da Cotrel tem capacidade para abater 120 mil frangos/dia.

Conforme essas fontes, a Aurora estuda algumas possibilidades de negócio: incorporação, compra de ativos ou locação de instalações. Compra ou locação seria a opção mais provável já que não envolveriam incorporação de um passivo, que hoje a Cotrel possui. “Não há disposição da direção da Aurora em assumir passivos, por temer contaminação de seus balanços”, disse uma fonte. Na Cotrel, segundo informações do mercado, falta capital de giro para pagar toda a estrutura na área de frangos.

As operações da Cotrel interessariam à Aurora porque permitiriam crescimento mais rápido na área de frangos. “Seria mais rápido comprar para elevar a escala do que fazer uma planta nova e associar novos produtores”, disse uma fonte. Além disso, também seria mais difícil para a Aurora conseguir mais produtores associados em Santa Catarina, onde está sua sede, pois a maioria já é integrada a algum grande frigorífico.

O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Rui Polidoro Pinto, disse que as discussões entre Cotrel e Aurora começaram há cerca de uma semana e devem ter “desdobramentos” em breve.

Apesar de todos os fatores que estimulariam o negócio entre Aurora e Cotrel, há rumores no mercado de que a catarinense não teria gostado do que viu em Erechim. A planta de abate da Cotrel seria muito antiga, desatualizada, e a situação financeira da cooperativa estaria muito complicada.

Se fechada, essa transação marcaria a entrada da Aurora na área de frangos no Rio Grande do Sul. Atualmente, a Aurora tem operações de suínos no Estado por meio do frigorífico de Sarandi, ao qual quatro cooperativas gaúchas estão vinculadas. A decisão sobre a Cotrel deverá ser objeto de discussão em assembléia da coopercentral Aurora, que é composta por 16 cooperativas.

A Cotrisal, que não quis se manifestar a respeito das negociações com a Cotrel, deverá ficar com as unidades de recebimento de grãos da cooperativa.

Além do abatedouro de aves, a Cotrel tem ainda 20 filiais para atendimento no norte do Estado, quatro centrais de distribuição em Erechim, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Conforme informações disponíveis na internet, mantém em Erechim uma fábrica de rações com capacidade de produção de 900 toneladas/dia, moinho de trigo para 60 toneladas diárias e frigorífico de abate de suínos (1,5 mil cabeças/dia) e bovinos (80 cabeças/dia).