Redação (21/07/2008)- Quando o governo do Estado anunciou a vinda de duas grandes empresas do ramo de alimentação, a Sadia e a Perdigão, para Pernambuco, os produtores avícolas ficaram animados com a possibilidade de virarem fornecedores das fábricas. Meses depois, com o processo de instalação das unidades cada vez mais adiantado, a parceria não vingou. A fábrica de embutidos da Perdigão vai receber matéria-prima de outras plantas da empresa. A Sadia diz que os avicultores locais não produzem os itens usados na sua unidade.
A Perdigão vai investir R$ 280 milhões em duas fábricas, uma de lácteos e outra de embutidos, uma central de distribuição e uma fazenda-modelo, no município de Bom Conselho (Agreste Meridional). O investimento da Sadia é de R$ 250 milhões em uma unidade de embutidos em Vitória de Santo Antão (Zona da Mata Sul). Uma fábrica de embutidos produz itens como salsicha, lingüiça e mortadela. A intenção das empresas é abastecer todo o Nordeste a partir de Pernambuco.
A fábrica da Sadia está em obras e fica pronta no primeiro trimestre do próximo ano. Só essa unidade vai consumir 60 mil toneladas de aves e mais 60 mil de carne suína por ano.
Na Perdigão, as aves vão ser trazidas da unidade de Feira de Santana (BA), os suínos da indústria de Rio Verde (GO) e os bovinos da planta de Marisol do Oeste (MT). “Não vai ter abate local. Vamos trazer a matéria-prima de fora”, afirma o diretor de Relações Institucionais da Perdigão, Ricardo Menezes. Por outro lado, o fornecimento para a fábrica de lácteos vai ser feito pelos fornecedores locais.
O pólo avícola de Pernambuco produz 21 mil toneladas de frango por mês. São cerca de 1.600 granjas cadastradas na Associação Avícola de Pernambuco (Avipe). Além disso, o Estado tem quatro abatedouros com inspeção federal (Mauricéia, Notaro, Serrote Redondo e Frango Formoso). O pólo avícola do Estado é formado por municípios como Belo Jardim, São Bento do Una, Nazaré da Mata e Aliança.
André Mozetic, diretor da GreenField Business Promotion (promotora da grande feira do setor de alimentos, a Super Mix), diz que cadeia produtiva do Estado deve se adaptar à demanda. “O sucesso da Super Mix prova o interesse das empresas do setor de alimentos no mercado local. É preciso capacitar o empresário”, explica Mozetic. Ele afirma que é preciso financiar o produtor. “Financiamento não falta no setor. Faltam bons projetos”.
A Avipe foi procurada pela reportagem do Jornal do Commercio, mas o presidente, Saulo Valadares, único porta-voz do órgão, estava viajando.
Em Pernambuco, produtor de frango local é ignorado
<p>Apesar de duas gigantes estarem investindo no Estado, parceria com agroindustrias não vingou.</p>