Das 49 gigatoneladas de gases de efeito estufa emitidos pelo mundo todo, 2,59% são emitidos pelo Brasil e apenas 0,83% pelas atividades agropecuárias do país. Os dados foram compilados pelo chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), Alexandre Berndt, um dos organizadores da Conferência internacional sobre Gases de Efeito Estufa e Agricultura Animal (7ª GGAA), realizada de 4 a 10 de agosto, em Foz do Iguaçu (PR).
O evento reuniu cerca de 150 especialistas em emissões de gases de efeito estufa do mundo todo. Berndt apresentou dados atualizados sobre as emissões brasileiras. Segundo ele, o país está em sétimo lugar no ranking de emissões, com um volume bem menor que grandes potências mundiais. “Isso mostra que nossa agropecuária não impacta tanto assim, que ainda há espaço para melhorar a pecuária praticada aqui em termos de sustentabilidade e que a pesquisa está sempre buscando formas de equilibrar essa balança”, afirmou.
O pesquisador Sérgio Raposo de Medeiros, também da Embrapa Pecuária Sudeste, resumiu em um artigo técnico os principais pontos tratados na conferência (leia aqui).
Cultura e sociedade
Além da questão econômica e ambiental, a produção de carne envolve outros aspectos que foram mencionados durante o evento. Quem valorizou os benefícios nutricionais dos produtos de origem animal foi Michael Lee, pesquisador do Rothamsted Research, do Reino Unido.
“Ele fez a palestra de encerramento e relatou que a carne tem um valor intrínseco que vai além da economia. Falou sobre os componentes nutricionais da carne e do leite, como ácidos graxos, cálcio, ferro. Se a carne é considerada ‘vilã’ quando se fala em meio ambiente, quando as tecnologias conseguem neutralizar as emissões de gases de efeito estufa, a balança se equilibra. Quando se abordam esses valores nutricionais, a balança se inverte em favor da pecuária”, comentou Alexandre Berndt.
O pesquisador também tratou dos valores culturais – sempre que pessoas se reúnem para confraternizar, há comidas e bebidas envolvidas. A carne é uma delas. “E tem a questão social, os empregos que as cadeias produtivas geram e a aptidão da terra que muitas vezes se presta apenas para a pecuária como fonte de renda”, afirmou Berndt.
A conferência aconteceu no hotel Golden Park Foz e incluiu palestras de alto nível sobre a emissão de gases de efeito estufa, além de três visitas técnicas externas. Os participantes estiveram na Itaipu Binacional, onde visitaram a área interna e conheceram a estrutura de geração de energia; no PTI (Parque Tecnológico de Itaipu), onde verificaram a produção de biogás; e no distrito de Entre Rios, onde observaram um projeto de geração e distribuição de biogás que evita o acúmulo de nutrientes no lago de Itaipu, aumentando sua vida útil em dez anos. “A previsão inicial era que a capacidade do lago seria suficiente para gerar energia por 169 anos. Agora esse número subiu para 179 anos”, disse Berndt.