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Comentário Avícola

Emulsificantes na dieta de frangos de corte

Nas formulações das dietas para frangos de corte a energia e a proteína são os nutrientes considerados mais onerosos, sendo, portanto, os que definem o custo final da ração

Emulsificantes na dieta de frangos de corte

Dentre os pilares que sustentam a produção avícola, a nutrição se destaca, principalmente, por representar a maior parte do custo de produção. Dessa forma, os nutricionistas precisam de bom senso para definir as estratégias que proporcionarão o melhor retorno financeiro, levando em consideração os ingredientes disponíveis, os níveis de inclusão e a capacidade das aves em aproveitar os nutrientes disponibilizados pelas matérias-primas utilizadas na confecção das rações. 

Nas formulações das dietas para frangos de corte a energia e a proteína são os nutrientes considerados mais onerosos, sendo, portanto, os que definem o custo final da ração. As aves, em ambiente natural, utilizam o carboidrato como fonte de energia, porém, em produções industriais, onde se utiliza dietas de elevada densidade energética, uma estratégia muito comum é a utilização de óleos e gorduras como fonte de energia. Dessa forma, é possível aumentar espaço nas formulações e ainda evitar que as proteínas sejam utilizadas para suprir as exigências energéticas. Além disso, apresenta o benefício de promover menor incremento calórico, quando comparado às proteínas e carboidratos, e sabe-se que um dos desafios da criação intensiva é proporcionar conforto térmico, sendo de extrema importância reduzir a quantidade de energia dissipada em forma de calor pelas próprias aves. 

Os lipídios de importância nutricional são compostos por aproximadamente 90% de triglicerídeos, os quais são hidrolisados no lúmen intestinal por ação das lipases pancreáticas, resultando em glicerol, ácidos graxos livres e monoglicerídeos . A digestão dos lipídios ocorre com o auxílio de enzimas e de emulsificantes e grande parte deste processo ocorre no duodeno, jejuno e íleo. Esses nutrientes são emulsificados, digeridos e absorvidos pelas células da mucosa intestinal, sendo a maior parte da gordura absorvida pelo jejuno médio. Quando as gorduras provenientes do estômago ingressam no intestino delgado encontram um ambiente alcalino, onde a liberação da bile e suco pancreático é estimulada. A bile, produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar, tem por função emulsificar os lipídios, aumentando a superfície dos mesmos com a formação de microgotículas de gordura.

Mas, há um limite para se utilizar óleos e gorduras como fonte de energia para frangos de corte, pois a digestibilidade do lipídeo varia de acordo com as características das gorduras, comprimento da cadeia de carbono, relação entre ácidos graxos saturados e insaturados, composição da dieta e idade das aves. Dessa forma, para otimizar a utilização de óleos e gorduras na dieta, torna-se importante a utilização de aditivos nutricionais que permitirão melhorar o aproveitamento destes componentes. 

Os aditivos emulsificantes atendem a premissa de melhorar a absorção das fontes lipídicas, possibilitando a redução da adição de gorduras à ração, reduzindo custo e mantendo o desempenho zootécnico das aves. São caracterizados por seus compostos anfifílicos que reduzem a tensão superficial na interfase das fases imiscíveis (óleo e água) permitindo que elas se misturem, reduzindo as micelas absorvida na interface entre óleo e água com o benefício da redução na energia necessária a formação do processo de emulsão. 

Os emulsificantes são recomendados principalmente para aves jovens, que devido a imaturidade fisiológica advinda da menor síntese de sais biliares e da enzima lipase, apresentam digestibilidade dos lipídeos reduzida, acarretando em problemas metabólicos como o emplastamento de cloaca, muito comum em dietas com densidades energéticas elevadas.

O uso de emulsificante a base de lecitina em dietas de frangos de corte com inclusão de óleo de vísceras proporcionou um aumento de 2,26% na digestibilidade da fração extrato etéreo e aumentou a secreção de lipase com 24 e 42 dias de idade. Também foi observado efeito benéfico do emulsificante no ganho de peso e conversão alimentar dos frangos de corte na fase inicial (Neto Guerreiro, 2005).

Na escolha do melhor emulsificante, deve-se buscar produtos que proporcionam emulsões mais estáveis. Uma escala numérica adimensional de valores entre 1 e 20 é usada para descrever a natureza do agente tensoativo, sendo que os valores aumentam de acordo com a hidrofilia da molécula. Segundo Griffin (1949), o equilíbrio hidrófilo-lipófilo (ELH) de um tensoativo é uma propriedade importante no processo de emulsificação, posto que determina o tipo de emulsão que tende a produzir. Agentes emulsivos de EHL baixo tendem a formar emulsões água/óleo, ao passo que aqueles com EHL alto formam emulsões óleo/água (que são considerados emulsificantes nutricionais).

Portanto, o conhecimento dos valores de EHL se faz necessário, pois permitirá predizer o tipo de comportamento esperado do composto, fornecendo desta forma orientação para suas aplicações práticas.