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Acordo comercial

Entenda como livre comércio com UE pode ajudar setor de carnes

Acordo pode possibilitar que produtores do Mercosul diversifiquem seus mercados compradores

Entenda como livre comércio com UE pode ajudar setor de carnes

O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, assinado na última sexta-feira (28), será oportunidade para diversificar mais os destinos das carnes brasileiras. De acordo com Maristela Martis, analista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, atualmente a as exportações brasileiras estão se concentrando na China, o que pode ser arriscado para o setor.

Na avaliação da especialista, as proteínas de frango e bovina tendem a se beneficiar mais do acordo de livre comércio entre os dois blocos. Isso porque a UE é também grande produtora de carne suína, o que deve inviabilizar as remessas essa proteína brasileira para aqueles países.

O surto de Peste Suína Africana (PSA), segundo Maristela Martins, está refletindo em uma grande concentração das exportações brasileiras de carne para a China. Ela cita que em torno de 50% da proteína suína tem como destino esse país. Em relação à carne de frango, para a China são destinados 18% do total, enquanto Hong Kong detém 4,8%.

“Essas exportações muito concentradas são arriscadas também para o desempenho das cadeias aqui no Brasil”, avalia a analista do Cepea. De acordo com ela, a Rússia é um exemplo recente de como a concentração do mercado para apenas um destino pode impactar no setor. “Quando houve o embargo, o mercado russo ficou muito tempo fechado e os suinocultores brasileiros sofreram bastante, muitos abandonaram a atividade”, ressalta.

Desse modo, o acordo de livre comércio com a União Europeia é importante na medida em que as cadeias de carnes podem conseguir diversificar seus mercados compradores. “As exportações devem ficar mais pulverizadas, para que a gente não fique refém de um único mercado”, reforça Maristela.

Outro setor que pode se beneficiar, devido ao grande volume de produção, é o mercado de ovos. “É uma cadeia que precisa disso, porque, ano passado, houve aumento das exportações como reflexo da maior produção, que não absorvida aqui no mercado domestico”, diz. Segundo ela, as exportações de ovos também são concentradas e essa é a oportunidade para que o Brasil volte a proteína para mais destinos.

                                                                                                                           

Barreiras serão técnicas

Com o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia as barreiras de exportação deixarão de ser tarifárias, mas podem ser técnicas, avalia Carlos Augusto Mallmann, médico veterinário, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). “É uma medida de proteção natural”, aponta.

Nesse sentido, ele avalia que se torna mais necessário que os exportadores, principalmente os de commodities, previnam-se de maneira mais sistemática. O professor aponta que o Brasil já tem um programa de controle de exportações de commodities em algumas empresas e, em determinados momentos, são detectados problemas que ainda passam por esse controle de qualidade.