Da Redação 04/08/2005 – A Sadia S.A informou ontem que os investimentos para este ano devem superar os R$ 500 milhões previstos no fim de 2004 e que outros cerca de R$ 500 milhões serão aplicados no próximo ano, num sinal de que adota uma estratégia mais agressiva. O destino dos recursos em 2006 será a expansão da produção e novas linhas – como neste ano – mas a empresa ainda não definiu quais unidades receberão os aportes, segundo o diretor de finanças, Luiz Murat.
Com os R$ 500 milhões de 2006, a empresa fecha um plano de investimentos de três anos, iniciado em 2004, de mais R$ 1,2 bilhão. Segundo Murat, o BNDES deve aprovar, nas próximas semanas, o financiamento de 80% desse total, cerca de R$ 1 bilhão, com prazo de oito anos.
É a segunda vez que a Sadia revê os aportes para este ano, uma vez que a previsão inicial era investir R$ 350 milhões. Do valor total de 2005, R$ 400 milhões serão na expansão da produção e modernização – R$ 185 milhões só na Rezende, em Uberlândia – e o restante em marketing, tecnologia de informação e outros.
“Deve ultrapassar R$ 500 milhões este ano e devem ser mais de R$ 500 milhões novamente em 2006”, disse Murat, segundo quem o objetivo é “desgargalamento” da empresa, que trabalha com pouca capacidade ociosa. No ano passado, o então presidente da empresa, Walter Fontana, não descartou a construção de uma nova unidade para reduzir os gargalos.
Os investimentos deste ano, que permitirão à Sadia elevar em 20% sua capacidade de produção, também visam manter o crescimento das exportações, que responderam por 49,9% do faturamento no primeiro semestre de ano.
Conforme Luiz Murat, a meta é manter o percentual de 50% nas exportações e 50% no mercado interno para reduzir riscos.
Da receita bruta de R$ 3,947 bilhões no semestre, R$ 1,971 bilhão foram resultado de vendas no mercado externo. Em ambos os casos, o crescimento foi de 15,6% sobre os primeiros seis meses de 2004.
“As perspectivas para as exportações continuam boas”, disse Murat. Ele observou que hoje os países desenvolvidos precisam da carne de frango brasileira. Além disso, lembrou que países produtores da Ásia estão fora do mercado de carne de frango in natura por conta da gripe aviária, o que abriu espaço para o produto brasileiro. “Esperamos ampliar vendas de industrializados para países árabes, Rússia e também Coréia”, acrescentou Murat.
Outra abertura bastante esperada é a do mercado chinês. Já existe acordo sanitário para venda de carne de frango ao país, mas ainda há “burocracia” para resolver entre os governos, segundo o executivo. Ele acredita, porém, que a abertura “não deve demorar muito”.