Uma comitiva formada por membros da diretoria da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso) esteve na última quarta-feira (6) na cidade de São José dos Quatro Marcos, reunidos com produtores da região a fim de intermediar uma negociação entre o frigorífico Quatro Marcos e pecuaristas que aguardam pelo recebimento de dívidas em atraso.
Após dialogarem com representantes da comissão de credores, os diretores foram até a planta frigorífica com propósito de obter uma posição da empresa. Os responsáveis não foram encontrados no local. No entanto, por telefone, o presidente da Famato, Rui Ottoni Prado, conversou com o proprietário do grupo, Sebastião Douglas Sorjes Xavier, que afirmou tomar um posicionamento e comunicá-los nesta quinta (7).
“Nós estamos aqui para somar, pois sabemos a importância de uma indústria como esta para o município de Quatro Marcos. Sabemos que uma indústria é composta pela estrutura física, por seus funcionários e pela matéria-prima fornecida por nós pecuaristas. Portanto viemos em busca de encontrar uma solução principalmente para preservar os empregos que esta empresa oferece e garantir o pagamento dos produtores pelo seu produto. A ideia é chegar a um consenso”, disse Prado. Os representantes dos produtores reuniram-se ainda com autoridades e a classe política local.
Desde segunda-feira (4), cerca de 100 produtores com propriedades em Araputanga, Juara, Mirassol D’Oeste, Figueirópolis, Comodoro, Pontes e Lacerda, Barra do Bugres e São José dos Quatro Marcos se revezam em frente ao frigorífico, onde interditaram a entrada com tratores e caminhões, entre outros automóveis, para não permitir o acesso de novos lotes de bois para serem abatidos sem que tenham um esclarecimento sobre o recebimento das dívidas.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural, Alessandro Casado, só houve o bloqueio após uma reunião realizada na semana passada com representantes da empresa, em que não foi apresentada proposta alguma. Cerca de 80% desses produtores que aderiram ao movimento não recebem desde o final do ano passado e mesmo assim continuaram entregando seus bois (à vista), na tentativa de restabelecer o funcionamento em sua normalidade. “Nós tentamos de todas as maneiras uma negociação. Não defendemos que produtores fechem porta de empresa alguma. Mas infelizmente eles não deram nenhuma justificativa e se mantiveram em silêncio”.
Dívidas
A divida da unidade está estimada em R$ 8,3 milhões, referentes aos bois comprados e não pagos entre os meses de agosto e dezembro. Para os credores da região o montante é de aproximadamente R$ 6 milhões.
Só para o pecuarista Argentino Ferreira, a planta deve R$ 467 mil, referentes à venda realizada de dezembro. Ele conta que de lá para cá, do total dos valores atrasados foram acertados apenas R$ 20 mil. Não restando outra saída teve que vender outras criações para sanar suas dívidas. “A situação está bem complicada. Estou tendo que emprestar dinheiro do banco para cumprir meus compromissos”.
O diretor-tesoureiro da Famato, Eduardo Alves Ferreira, ressaltou que os pecuaristas além de não receberem, ainda estão forçados a fazerem maus negócios. Com a paralisação do frigorífico, único do município, e a necessidade de se fazer caixa, o produtor acaba pagando pelo prejuízo. “Esta situação deve ser resolvida para que ninguém saia perdendo”.
Na oportunidade, o consultor de pecuária da Famato, Luiz Carlos Meister, explicou aos produtores sobre as novas diretrizes do sistema de rastreabilidade bovina e traçou um panorama sobre o atual cenário da pecuária.
* Com informações da Assessoria de Imprensa