Redação (08/05/07) – A Perdigão fechou o primeiro trimestre de 2007 com faturamento bruto de R$ 1,8 bilhão, 45,2% mais que em igual período do ano passado. A retomada das exportações, cujas receitas cresceram 48%, impulsionou fortemente o resultado, também respaldado pela boa performance do mercado interno, com receitas 43,2% maiores.
A geração de caixa medida pelo EBITDA (lucro operacional antes das despesas financeiras, impostos e depreciação) foi de R$ 168,3 milhões, equivalente a um aumento de 91,2% em relação ao primeiro trimestre de 2006. A margem EBITDA cresceu de 8,3% para 11,1%, aproximando-se das margens médias históricas da companhia. O lucro operacional atingiu R$ 94,7 milhões, aumento de 260,4%.
A melhoria das margens operacionais no período demonstram o acerto das estratégias adotadas pela empresa, com foco no aumento de produtividade, na eficiência de vendas, na redução de custos e despesas, aliados ao aquecimento dos mercados externo e interno.
O comportamento dos principais mercados importadores confirmou a tendência de recuperação da demanda observada no segundo semestre do ano passado, após a retração ocorrida em função da gripe aviária. Entre janeiro e março, os volumes exportados aumentaram 38,8% ante o primeiro trimestre de 2006.
Entre os fatores que influenciaram positivamente o desempenho da Perdigão no mercado interno, destaca-se a atividade de lácteos, que representou 20,5% das receitas domésticas, totalizando R$ 211,4 milhões. Por outro lado, o crescimento da renda resultou no aumento do consumo interno, também favorecido pela queda de juros e a inflação baixa.
O lucro líquido no trimestre ficou em R$ 62,7 milhões, valor 503,4% maior se comparado ao período de janeiro a março de 2006, refletindo os esforços contínuos da companhia para expansão de suas operações e diversificação das plataformas de negócios, visando diluir riscos.
No início do ano, a Perdigão implementou ampla reestruturação em seu sistema de gestão, com o objetivo de sustentar o crescimento da empresa nos próximos anos. A companhia deixou de ser administrada por áreas e adotou o modelo de Unidades de Negócio.
INVESTIMENTOS
Durante o primeiro trimestre de 2007, a Perdigão investiu R$ 125 milhões, 31% mais em relação a igual período de 2006. A maior parte dos recursos foi direcionada para novos projetos, com o objetivo de incrementar a capacidade produtiva para atender demandas geradas nos principais mercados e dar continuidade ao crescimento sustentado da companhia.
Parcela de 29,6% do total de investimentos foi aplicada no Complexo Agroindustrial de Mineiros (GO), inaugurado em março. A unidade destina-se ao abate e processamento de aves pesadas (perus) e, quando estiver operando a plena carga, terá capacidade para processar 81 mil toneladas/ano.
Ainda no mês de março, a Perdigão adquiriu a Sino dos Alpes Alimentos Ltda., situada em Bom Retiro do Sul (RS), subsidiária da Grandi Salumifici Italiani (GSI), grupo líder em embutidos na Itália. O negócio ficou em torno de R$ 8,5 milhões e irá proporcionar a centralização da produção de linhas de pequena escala em uma única unidade industrial. Como parte da negociação, as duas empresas assinaram ainda acordo, que possibilita a troca de tecnologia e a comercialização recíproca de produtos.
No período, a empresa passou a atuar no mercado de pet food, com o lançamento das rações para cães Balance e Supper. Os produtos são os primeiros do portfólio da Essencial Pet Care, divisão criada especialmente para o segmento. Na montagem de uma moderna linha de produção de rações, na fábrica de rações de Francisco Beltrão (PR), foram investidos cerca de R$ 4 milhões.
NÚMEROS DO TRIMESTRE
R$ milhões
|
1o tri/07 |
1o tri/06 |
Variação % |
Receita Bruta |
1.784,7 |
1.229,1 |
45,2 |
Mercado Interno |
1.032,3 |
720,8 |
43,2 |
Exportações |
752,4 |
508,3 |
48,0 |
Receita Líquida |
1.523,1 |
1.055,5 |
44,3 |
Lucro Bruto |
411,1 |
249,4 |
64,8 |
EBIT |
94,7 |
26,3 |
260,4 |
Lucro Líquido |
62,7 |
10,4 |
503,4 |
EBITDA |
168,3 |
88,1 |
91,2 |
Investimentos |
125,0 |
95,4 |
31,0 |
Lucro por ação R$* |
0,38 |
0,08 |
386,7 |
* Lucro por Ação (em R$) consolidado, excluindo as ações
MERCADO EXTERNO
As exportações somaram R$ 752,4 milhões, representando 48,7% da receita líquida da companhia no trimestre, embora a desvalorização cambial tenha refletido sobre as receitas em reais deste mercado.
Com o retorno do consumo nos principais mercados importadores, aliado aos ajustes dos estoques mundiais e à redução da superoferta, as vendas de produtos in natura de aves cresceram 32,9% em volumes e 44,4% em receitas. Já os produtos suínos/bovinos tiveram incremento de 37,4% em volumes e 43,6% em receitas, apesar da pressão dos preços internacionais e das restrições da Rússia à carne suína produzida em alguns Estados brasileiros.
O aumento das vendas de aves especiais e produtos industrializados pontuou o desempenho na categoria elaborados/processados, que apresentou elevação de 65,4% em volumes e 60,3% em receitas.
Os preços médios no mercado externo se recuperaram no período em relação ao primeiro trimestre de 2006, registrando crescimento de 11,2% em dólares e de 6,6% em reais. Esses índices poderiam ser ainda melhores, não fosse a apreciação de 3,5% do real em relação ao dólar em comparação ao exercício do ano anterior. Os custos médios aumentaram 1,9%, pressionados pelo preço dos principais grãos.
MERCADO INTERNO
A receita bruta no mercado interno chegou a R$ 1 bilhão no primeiro trimestre. O volume de vendas de carnes aumentou 4,4%, somando 149,5 mil toneladas. Os processados lideraram as vendas nesta atividade, com volume comercializado de 134,3 mil toneladas, o que equivale a um aumento de 14,4% ante ao mesmo período do ano anterior. Em receitas, o avanço foi de 15,9%, num total de R$ 631,3 milhões.
Em função do incremento das exportações, os produtos in natura registraram queda de 40,9% em volumes e 14,2% em receitas. Os índices são expressivos porque refletem a reversão do contexto atípico vivido no primeiro trimestre de 2006, quando as commodities foram redirecionadas para o mercado interno devido ao recuo da demanda internacional.
A boa performance apresentada pelos produtos lácteos foi responsável por 20,5% das receitas obtidas no mercado interno. Apesar desta atividade estar consolidada nos resultados da Perdigão somente a partir de junho do ano passado, quando efetivou-se a aquisição de 51% do controle acionário da Batávia S/A, a companhia informa para fins comparativos que o crescimento, em relação ao primeiro trimestre de 2006, foi de 9% em volumes de leite e 20% em volumes de lácteos, sucos e outros.
Os preços médios no mercado interno aumentaram 7,6% para os produtos de carnes e 4,1% para os lácteos. No caso de carnes, os custos médios estiveram 0,1% menores, contribuindo para a melhoria de margens, apesar da pressão provocada pela elevação dos preços de grãos.
De acordo com dados AC Nielsen, no último bimestre deste ano, a empresa atingiu as seguintes participações de mercado: pratos prontos/massas – 44,1%; pizzas congeladas – 39,2%; congelados de carne – 35,3%; industrializados de carne – 25,3%; processados lácteos – 14,5%.
MERCADO ACIONÁRIO
O volume de ações negociadas na Bovespa e NYSE (Bolsa de Nova York) totalizou US$ 9,4 milhões/dia, correspondendo a um crescimento de 22%. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, a valorização das ações aumentou 21,7% e dos ADRs, 29,6%.