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Fertilizantes e baixa do dólar afetam a Bunge

<p>Para conter custos, multinacional já cogita fechar unidades no Brasil. De janeiro a setembro, a retração foi de 27%.</p>

Quem circulou na semana passada pelo Centro Empresarial, na zona sul de São Paulo, e estranhou o mau humor dos executivos da Bunge que trabalham no local, entendeu ontem que os semblantes carregados refletiam os resultados da empresa no país e no mundo no terceiro trimestre e nos nove primeiros meses de 2009, que estavam então sendo compilados. As pioras em relação aos mesmos períodos do ano passado foram marcantes, provocadas principalmente por um verdadeiro debacle no segmento de fertilizantes.

No Brasil, também há preocupação com a persistente desvalorização do dólar diante do real. Os custos fixos de manutenção das unidades no país subiram em dólar, e a cúpula da companhia em White Plains, Nova York, já cogita fechar plantas brasileiras secundárias para que seu plano de contenção de despesas seja cumprido, relatou a agência Dow Jones Newswires. Procurada pelo Valor, a subsidiária do grupo no país preferiu não comentar a informação.

Segundo a Bunge, maior exportadora do agronegócio brasileiro e uma das maiores empresas do setor no mundo, sua receita líquida global alcançou US$ 11,3 bilhões de julho a setembro, 24% menos que no mesmo período de 2008. Na mesma comparação de resultados mundiais trimestrais, o Ebitda recuou 15%, para US$ 209 milhões, e o lucro líquido caiu 1%, para US$ 232 milhões. O grande destaque negativo foi o Ebitda do segmento de fertilizantes do grupo, que diminuiu 251% e tornou-se negativo em US$ 127 milhões.

Nos nove primeiros meses do ano, a receita líquida global da Bunge somou US$ 31,5 bilhões, queda também de 24% em relação a igual intervalo de 2008. Nesta relação, o Ebitda total caiu 76%, para US$ 425 milhões, e o lucro líquido consolidado baixou 73%, para US$ 350 milhões. As ações da empresa recuaram 3,47% em Nova York nesta quinta-feira, para US$ 64,58.

Para o brasileiro Alberto Weisser, CEO da multinacional, o principal alento veio da divisão de agribusiness, que inclui os negócios de compra e venda de grãos e derivados. Foi boa a performance nos Estados Unidos e no Brasil no terceiro trimestre, e isso levou a um aumento de 73% do Ebitda nesta frente no período, para US$ 294 milhões. De janeiro a setembro, porém, ainda há retração de 27%.

Em comunicado, o principal executivo da Bunge adiantou que espera ambiente melhor para os negócios da companhia em 2010. Ele lembrou que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima aumento de 4% para a demanda americana de farelo de soja e óleos vegetais no ano que vem e que, apesar de boas safras de grãos nos Hemisférios Norte e Sul nesta temporada 2009/10, os estoques mundiais continuam relativamente magros e os preços, desta forma, podem seguir atraentes.

Ainda que hoje estejam mais baixas do que nos picos históricos de meados de 2008, as cotações de soja e milho, duas das principais commodities negociadas pela múlti, seguem bem acima das médias históricas registradas até o fim de 2006, quando teve início a disparada contida pelo aprofundamento da crise financeira global, em setembro do ano passado.

Enquanto 2010 não vem, contudo, a companhia reduziu sua previsão de lucros para 2009 como um todo para entre US$ 3,10 e US$ 3,50 por ação negociada na bolsa de Nova York, ante estimativa anterior que variava de US$ 4,90 e US$ 5,40. “Os preços dos fertilizantes têm sido críticos para a Bunge”, afirmou Christopher Shanahan, analista da americana Frost & Sullivan, à agência Bloomberg.