A demissão em massa de 1,3 mil funcionários do frigorífico da JBS em Presidente Epitácio (SP) foi cobrada ontem (13) por representantes da Força Sindical em reunião com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Com 31,3% de participação no JBS, o BNDES foi procurado pelos sindicalistas para que intercedesse pela recuperação de parte dos empregos. Uma nova reunião, desta vez com a direção do frigorífico, deverá ser marcada para a próxima semana.
“O presidente do banco nos garantiu que vai intermediar esta reunião e que vai fazer o possível para garantir a recuperação de alguns empregos. Estamos otimistas”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Presidente Prudente, Carlúcio Gomes da Rocha, que participou da reunião com o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
O principal argumento dos sindicalistas é o de que, por ser público e ter injetado recursos no frigorífico, o BNDES deveria exigir uma contrapartida pela manutenção dos empregos. No total, o JBS demitiu neste ano mais de três mil empregados das unidades do frigorífico situadas em Lins (SP), Maringá (PR) e Alta Floresta (MT). Segundo a Força Sindical, ainda existem ameaças de demissões nos frigoríficos de Andradina e Barretos, no Estado de São Paulo. “Acreditamos que com a manutenção das três linhas no interior de São Paulo seja possível recolocar pelo menos 500 ou 600 trabalhadores. Isso será de grande valia”, disse Rocha.
No dia 8 de setembro, trabalhadores e sindicalistas da área da alimentação interditaram a ponte que liga o Estado de São Paulo ao Mato Grosso do Sul, na rodovia Raposo Tavares, em protesto contra a demissões. “Nossa luta não vai parar. E novas manifestações de protesto deverão acontecer, se não obtivermos um retorno satisfatório”, disse Rocha. Para amanhã, está marcada uma reunião dos trabalhadores com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. A empresa ainda não confirmou se enviará representantes.
O JBS anunciou um aumento de capital em maio deste ano, no valor de R$ 3,74 bilhões. No processo de capitalização, a participação da holding controladora do frigorífico, a FB Participações (associação da família Batista e do Bertin), caiu de 54,52% para 47%. Já o BNDES viu sua porcentagem saltar de 17,02% para os atuais 31,3%.
Além dos 17,02% do capital votante do JBS, a BNDESPar possui participação indireta por meio do fundo Prot-Fip. A participação deste no JBS era de 8% e foi para 6% após a emissão. A BNDESPar é signatária de acordo de acionistas e de acordo de investimento, o que permite sua representação no conselho de administração da JBS.