Redação AI 09/02/2004 – 17h05 – A Sadia, uma das maiores indústrias de alimentos do Brasil, completará 60 anos no próximo mês de junho. A empresa envia, por meio do Porto de Santos (SP), produtos de suas linhas à base de carne de frango para 92 países. Tal fenômeno levou a companhia a registrar os melhores números de sua história. Em 2003, a empresa faturou R$ 5,9 bilhões e atingiu um lucro recorde de R$ 446,8 milhões. “Colhemos o longo trabalho de investir nas exportações”, diz Luiz Gonzaga Murat Júnior, diretor de finanças da Sadia. E que colheita.
As vendas para o exterior representaram 45,4% do faturamento da companhia. Só de frango, foram 375 mil toneladas. “É mais do que compreensível”, diz José Carlos Teixeira, diretor-executivo da Associação Paulista de Avicultura (APA). “A Sadia foi a pioneira na venda de frango para fora do Brasil”.
O grande trunfo da empresa foi, na verdade, a reestruturação de toda a sua linha de produção. Em 1997, sob o comando de Luiz Fernando Furlan, atual ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio, a companhia encerrou suas atividades na área de abate de bovinos, produção de grãos e massas. Todos os esforços voltaram-se para o setor de frangos, suínos e produtos industrializados. A partir daí várias linhas de alimentos foram criadas.
A idéia dos executivos era levar a marca para a mesa dos consumidores. Compraram a marca de sobremesas Miss Daisy e desenvolveram margarinas, pizzas congeladas, nuggets e outros alimentos. “Este foi o segmento que mais cresceu”, diz Murat. No ano passado, por exemplo, as exportações dos industrializados tiveram um aumento de 57,6%. Os suínos assinalaram um incremento de 19% e as aves responderam por 11,1% a mais do que em 2002.
No mercado interno, a companhia também deu um show. As vendas cresceram 17,1%. “Como a renda nas metrópoles caiu, nos concentramos em ampliar a distribuição para as cidades menores, no interior”, diz Murat.
Exportações em 2004
“A Sadia é um dos melhores investimentos no mercado de ações para este ano”, avalia Clodoir Gabriel Vieira, analista da corretora Souza Barros. O motivo? A epidemia da gripe do frango nos países asiáticos favorece as exportações brasileiras. Na Europa, o maior competidor da Sadia eram os produtores tailandeses. Agora, impedidos de vender para os países do Velho Mundo, eles abrem espaço para as aves brasileiras. “As exportações vão crescer 10%”, diz Júlio Cardoso, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef).
Se o impacto causado pela epidemia na Ásia ainda não foi sentido no volume de vendas, ele já está sendo comemorado pelo preço que o frango atingiu no mercado internacional. “O valor das aves subiu muito e as empresas brasileiras só têm a ganhar”, diz Roberto Giannetti da Fonseca, ex-secretário da Câmara de Comércio Exterior.
No mercado japonês, um dos maiores importadores de aves do mundo, a tonelada do frango era vendida por US$ 1,5 mil em dezembro. Hoje ela vale US$ 2,5 mil. “Na Europa, os preços também subiram 30%”, diz Murat, da Sadia.