O avanço vertiginoso da economia da China que levou a fortes desequilíbrios não deve afetar a demanda por alimentos, de acordo com o economista, Michael Pettis, professor da Universidade de Pequim. “Se Pequim controlar a dívida e garantir um reequilíbrio que não prejudique a economia, o crescimento do PIB vai cair abaixo de 3%, mas o da renda e do consumo familiar pode ficar em 4% a 5% ou mais”, projeta Pettis, acrescentando que essa demanda deve manter os preços de alimentos, especialmente de carnes, relativamente altos. Contudo, se o endividamento não for contido e houver colapso no crescimento, “os preços dos alimentos também cairão”.
Roberto Dumas, especialista em economia chinesa do Insper, disse que o fim da política do filho único e o incentivo à urbanização compõem a diretriz que prioriza a demanda. “Se aumentarem a renda das famílias, o consumo de proteína animal e de grãos vai só aumentar daqui para frente”.
No caso do setor de carnes, em 15 anos, a produção de aves e suínos subiu em linha com o consumo doméstico, em torno de 40% cada, guardando pouca diferença com o volume que chega ao prato dos chineses, conforme levantamento feito por Cesar de Castro Alves, da consultoria MB Agro. O país abandonou a meta de autossuficiência em carnes, mas continua a estimular o consumo doméstico. Dessa forma, a expectativa é que as importações de carnes da China cresçam mais que as de grãos para rações.