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Frigoríficos de olho no arrendamento da Chapecó

A decisão dos bancos credores da Chapecó de arrendar as unidades da empresa despertou o interesse de outros frigoríficos instalados no país.

Da Redação 13/02/2003 – A decisão dos bancos credores da Chapecó de arrendar as unidades da empresa despertou o interesse de outros frigoríficos instalados no país. Apenas um – a Predileto Alimentos – admite, mas fontes do setor e dos próprios credores afirmam que “várias empresas estão olhando” as plantas da Chapecó para um eventual arrendamento.

Além da Predileto, que controla a Penabranca Alimentos, visitaram a empresa a Seara, a Penasul (da americana OSI) e a Avipal. As empresas negam que estejam negociando o arrendamento das unidades da Chapecó, que estão na região Sul. A Globoaves, do Paraná, tem interesse apenas na planta de Cascavel.

“A Chapecó é como uma miss Brasil, todo mundo olha. O problema é que tem de casar”, compara o presidente da Penabranca Antenor de Barros Leal, referindo-se ao fato de a proposta dos credores para a empresa arrendatária prever uma compra ou fusão no futuro. A Penabranca já arrendou, entre 1998 e 2000, uma unidade da Chapecó em Amparo (SP), hoje desativada.

Leal confirma que uma equipe da empresa visitou as unidades da Chapecó nos últimos dias. Diz, no entanto, que tem interesse apenas em arrendar as unidades, sem se comprometer com uma compra futura. A justificativa do executivo é a difícil situação financeira da empresa.

A dívida de longo prazo da Chapecó está estimada em US$ 134 milhões e a de curto prazo, em US$ 25 milhões. Para os credores, no entanto, arrendar a empresa sem o compromisso de compra ou incorporação no futuro seria algo a ser feito apenas “em um último caso”.

O arrendamento das quatro unidades da Chapecó seria interessante para a Penabranca porque permitiria à empresa elevar as suas exportações de carne de frango, que ficaram perto de US$ 18 milhões em 2002. A Chapecó tem uma participação importante no mercado do Oriente Médio.
Mas uma preocupação de Leal é que a Penabranca não tem “expertize” em suínos. As plantas da Chapecó em Santa Rosa (RS) e em Chapecó (SC) abatem suínos.

Hoje, a Penabranca abate 280 mil aves/dia em duas unidades em São Paulo: Jaguariúna e Amparo. No ano passado, a empresa vendeu as fábricas do Sul – hoje Penasul – para a americana OSI.

Assim como Leal, fontes de outras empresas do setor consideram que não é viável se comprometer em adquirir ou incorporar a Chapecó no futuro. Além da dívida, as plantas do frigorífico estariam defasadas. Outro ponto negativo é a atual situação dos mercados de aves e suínos, lembra um executivo do setor. Atualmente, há grande oferta nos dois casos e restrições às exportações.

Esse executivo acrescenta que a operação da Chapecó é deficitária e a empresa vem registrando margens ruins por vender barato no mercado externo.

Apesar do aparente desinteresse pela compra da Chapecó, os credores acreditam que conseguirão encontrar uma saída para a empresa Segundo uma fonte que acompanha a negociação, a situação atual do mercado não deve afetar a decisão do eventual investidor. “Quem arrendar a Chapecó, estará de olho em um faturamento de R$ 700 milhões anuais e um mercado importante no Oriente Médio”, analisa.