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Frigoríficos do Quatro Marcos estão na mira do grupo Sadia

<p>O Quatro Marcos concentra suas atividades de abate no Estado do Mato Grosso.</p>

Redação (11/09/2008)- A Sadia, que retorna aos poucos ao segmento de abate de bovinos, estaria negociando a compra de duas unidades do frigorífico Quatro Marcos, apurou o DCI junto a fontes do mercado.

O Quatro Marcos concentra suas atividades de abate no Estado do Mato Grosso. No total, há seis unidades dessa indústria operando naquela região – em Alta Floresta, Juara, Colíder, Vila Rica, Cuiabá e Quatro Marcos. O Quatro Marcos possui, ainda, outra planta de abate em Quirinópolis, no estado de Goiás. A planta de menor capacidade pode chegar a abater 800 cabeças diariamente, enquanto que a unidade com a maior capacidade de abate chega a 1,4 mil cabeças/dia, segundo informações disponíveis no site da empresa. O frigorífico Quatro Marcos e a Sadia não confirmaram a informação.

De acordo com analistas, aquisições nesse segmento, pela Sadia, fariam sentido mesmo em um momento ruim de mercado para o elo dos frigoríficos, pois a empresa vem mostrando interesse em fortalecer sua presença no negócio de carne bovina.

"Investimentos com esse perfil, quando feitos, são pensados a longo prazo. O mercado de carne bovina se profissionalizou muito nos últimos sete anos e é promissor", comentou José Vicente Ferraz, diretor do Instituto AgraFNP.

No ano passado, a Sadia ampliou a capacidade de abate diário de sua única planta de bovinos, em Várzea Grande (MT), de mil para 2 mil cabeças/dia. Essa informação consta no relatório de 2007 da Sadia para investidores. Essa planta, lembra Ferraz, do AgraFNP, esteve arrendada para o frigorífico JBS-Friboi.

"Tanto a Sadia quanto a Perdigão vêm planejando diversificar portfólios. Hoje o forte dessas empresas está em carnes de aves e suínos, mas mostram interesse em ampliar a atuação no segmento de carne bovina, que ainda é pequena dentro de seu leque de produtos", reforça Peter Ho, analista de investimentos do setor de alimentos da Planner.

Ho avalia, ainda, que para essas companhias é interessante a venda de cortes de bovinos no mercado externo, aproveitando os canais de vendas que já possuem. "Ter canais de vendas, mesmo que para comercializar outros tipos de proteína, é vantajoso. É uma forma de facilitar o acesso de outros produtos, no caso a carne bovina", avaliou Ho, da Planner.

Fabiano Tito Rosa, consultor da Scot Consultoria, opina que o Mato Grosso seria uma região estrategicamente importante no caso de aquisição de uma planta frigorífica. Isso porque o estado tem o maior rebanho bovino do país. Segundo dados da Scot, no ano passado, o Mato Grosso somou aproximadamente 25,6 milhões de cabeças enquanto que o Mato Grosso do Sul, segundo colocado, reuniu cerca de 23,5 milhões de cabeças.

"No Mato Grosso, a produção de grãos é bastante significativa e, depois de Goiás, deve ser a próxima região a concentrar confinamento de gado. A pecuária passa por forte processo de tecnificação naquele estado", complementa Tito Rosa.

Muitas unidades de frigoríficos estão concentradas no Centro-Oeste do País por conta dessa característica. Tanto para os produtores de grãos (fornecedores de matéria-prima da ração do gado) como para quem faz parte da cadeia pecuária, é vantajosa a proximidade logística.

No passado, a Sadia já atuou mais fortemente no segmento de bovinos e vendeu ou arrendou unidades de abate na década de 90, lembram os analistas. Vicente, do AgraFNP, diz que, naquela época, o segmento de frigoríficos era desorganizado, o País não exportava e, no que diz respeito à matéria-prima, ocorriam mais problemas quanto à sanidade do rebanho. "Hoje o Brasil é o maior exportador do mundo e há uma situação de mercado favorável para a carne bovina. Essas empresas, tanto Sadia como Perdigão, enxergam o potencial de tornarem-se players no mercado internacional também nesse segmento", comentou.

Quatro Marcos

Em junho deste ano, os frigoríficos Quatro Marcos e Margen, que anunciou a paralisação de unidades na semana passada, criaram a Uni Alimentos. A fusão durou dez dias e o negócio foi cancelado. Apesar da atual situação do Margen, analistas de mercado dizem que as operações do Quatro Marcos estão normalizadas. Segundo analistas, no caso do Margen, antes da paralisação, já havia queixas de pecuaristas que não conseguiam receber. Essa não é a realidade do Quatro Marcos.