Doutor em Economia Agrícola, o professor Benedito Dias Pereira, da Universidade Federal de Mato Grosso, alerta que a fusão entre a Perdigão e a Sadia vai aumentar o grau de oligopólio e de concentração das atividades agroindustriais – produção, abate, processamento e industrialização de bovinos, suínos e aves – no Estado.
“Vamos ter um número menor de indústrias no mercado e isso não é bom para ninguém”. Segundo ele, toda vez que aumenta o grau de concentração, o ambiente competitivo que poderia existir entre as empresas diminui.
Ele considera o negócio prejudicial para os fornecedores – produtores – e consumidores. “A crescente concentração é ruim para a população porque diminui a competição no mercado regional, fortalece excessivamente as grandes indústrias e diminui a possibilidade de concorrência”, afirma o economista.
“Com a fusão teremos uma corporação fortalecida em nível internacional, mas em nível regional poderemos ter perdas”.
Segundo o economista, em qualquer situação, quando há um movimento no sentido de aumentar o grau de concentração, “é ruim tanto para o consumidor quanto para os produtores que comercializam sua produção para a empresa”.
Ele observa que a corporação ficará mais fortalecida, aumentando o poder de barganha nos processos naturais de negociação, como formação e fixação de preços.
“O movimento vai provocar resultados adversos para consumidor e fornecedores. Normalmente, com a fusão a empresa passa a praticar preços maiores”, disse, acrescentando que no curto prazo pode haver elevação de preços para o consumidor devido ao aumento do grau de oligopólio.
SADIA E PERDIGÃO – De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, não há sobreposições entre as duas fábricas – Sadia e Perdigão. Segundo ele, a preocupação das companhias após a fusão será ampliar a produção e conquistar novos mercados. “Não nos associamos para por a fidelidade dos nossos consumidores em risco. Queremos distribuir maior variedade de produtos para todas as regiões do Brasil, com qualidade e bom preço”.
Segundo ele, as operações da Sadia e da Perdigão ficarão separadas até à aprovação do negócio pelos órgãos de defesa da concorrência. Lembrou que várias empresas competem no mercado, como Cargill, Bunge e Tyson, o que favorece a concorrência. “Nenhuma empresa aumenta as vendas subindo o preço. Queremos privilegiar o crescimento”, disse.
Segundo Nildemar Secches, presidente do Conselho de Administração da Perdigão, as marcas e produtos das duas companhias serão mantidas no mercado. “Vamos ter uma eficiência melhor para atingir novos consumidores a preços acessíveis e boa qualidade”, garantiu.