Representantes de alguns setores do agronegócio avaliaram de forma positiva a aprovação do negócio que originou a Brasil Foods. Porém, questionaram o longo tempo que a decisão levou para ser tomada e as restrições impostas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para confirmar a fusão entre Sadia e Perdigão.
O Cade determinou que a Brasil Foods suspenda o uso de produtos e venda alguns ativos, o que vai ocorrer no ano de 2012. Essas operações devem ter um impacto de 13% sobre a receita, que no ano passado superou os R$ 22 bilhões, além de abrir espaço para um novo concorrente.
“Essa é uma realidade da concorrência que nós vamos ter que lidar. Na medida que eu suspendo produtos em que a demanda continua, essa demanda vai ter que ser disputada por todos, inclusive pela Brasil Foods”, relatou o presidente da Brasil Foods, José Antônio Fay.
Para se chegar a essa conclusão, foram dois anos. Período excessivo, avalia Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura. Ele, inclusive, não concorda com algumas determinações do Cade. Mesmo assim, acredita que a cadeia produtiva não deve ser prejudicada.
“Nada vai ser dissolvido, ao contrário, vai ser absorvido por alguém. O grupo BRF vai ser fortalecido com caixa mais forte para investir para modernizar e naturalmente a gente vai ter um novo quadro, um novo cenário em breve. Mas eu acho que os produtores, os integrados podem ficar serenos e tranquilos porque a BRF sai fortalecida. Outros virão, novas opções, oportunidades novas. Terminou melhor do que poderia ser”, relatou Turra.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, também questiona a demora. Diz ainda que o Cade foi rigoroso demais. Mas avalia de forma positiva o acordo com a Brasil Foods.
“Virou a página desta questão, vão colocar a venda este conjunto de ativos, vamos ver quem aparece para comprar, quem são os novos participantes do mercado, vamos tocar a vida para frente. Eu acho que o acordo foi bom neste sentido. Para o consumidor tem que continuar tão bom ou melhor. O consumidor tem que ser valorizado e protegido assim como o produtor”.
A analista de investimentos, Mitsuko Kaduoka, afirma que a empresa tem mais motivos para comemorar do que o Cade. Considera a decisão tomada nesta quarta, dia 13, razoável para os dois lados. Ela acredita que a operação que uniu Sadia e Perdigão vai ser favorável para o consumidor e para o fornecedor.
“Então o reflexo disso é 2012/2013. Até lá, acho que não tem nenhuma alteração. Pra frente, eu acredito que, para o consumidor pode ter algum benefício e pro fornecedor no geral. Teria mais uma empresa entrando no mercado. Aí vai ser muito demanda e oferta e o mercado que vai balizar os preços”, analisa.