A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) pretende lançar em 90 dias o Programa de Certificação de Produção Responsável na Cadeia Bovina, cujo objetivo é garantir e certificar a procedência da carne bovina vendida nos supermercados brasileiros.
O programa será estruturado pela certificadora suíça SGS e vem na esteira de um relatório do Greenpeace que relaciona o desmatamento na Amazônia à produção de carne bovina.
Segundo a diretora da SGS Rosemary França Vianna, a expectativa é que em até 60 dias o comitê técnico constituído para elaborar o programa já tenha definido critérios, princípios e indicadores, possibilitando a realização de testes de campo. Então, em 90 dias, o programa seria lançado.
“O custo de criação do programa será da Abras e, a partir daí, as organizações que quiserem ser auditadas terão de arcar com os custos”, disse Rosemary, em encontro com jornalistas na sede da Abras.
Segundo ela, o comitê técnico ainda vai definir quais informações serão requeridas na auditoria. “O maior desafio é a rastreabilidade”, comentou. “Sabemos que existem programas de governo. O que estamos propondo é um programa independente, de autorregulação.”
De acordo com o presidente da Abras, Sussumu Honda, três grandes redes -Wal-Mart, Carrefour e Pão de Açúcar- e três frigoríficos -Bertin, JBS e Marfrig- já são signitários do programa, que prevê a compra de carne, por parte das varejistas, exclusivamente de frigoríficos que aderirem à proposta.
Juntas, as três redes representam cerca de 40 por cento do setor de supermercados no país.
“Esperamos uma adesão maior das empresas do setor e haverá uma campanha também voltada ao consumidor final”, disse Honda.
Segundo ele, o programa corresponde ao “primeiro passo para deixar claro o compromisso do setor de varejo com a produção responsável”.
A movimentação do setor ocorreu após o Ministério Público do Pará ter recomendado em junho, diante do relatório do Greenpeace, que os supermercados deixassem de comprar carne de frigoríficos que adquirem gado criado em áreas de desmatamento ilegal.
Desde então, os frigoríficos assinaram um termo de ajustamento de conduta proposto pelo Ministério Público, visando o estabelecimento de práticas ambientalmente sustentáveis.