Da Redação 25/03/2003 – O consórcio formado pela Globoaves e Sadia desistiu do arrendamento do abatedouro da Chapecó, em Cascavel. O anúncio foi dado ontem (24) pelo empresário, Roberto Kaeffer, diretor presidente da Globoaves. A decisão foi tomada depois que a direção da Chapecó enviou um fax, na sexta-feira, impondo uma série de condições para discutir o assunto.
Pelo documento, a Chapecó exige que o grupo interessado arrende todo o conglomerado da empresa, inclusive as unidades de Santa Catarina; assuma todos os passivos fiscais e trabalhistas; compre todo o estoque, à vista, e se manifeste até o fim da tarde de hoje.
Roberto Kaeffer diz que nenhum empresário aceitaria a proposta sem conhecer o ativo e o passivo da empresa e avisou que não tem interesse no arrendamento total. Ele diz que a proposta é completamente infundada. “A proposta está na minha mesa, mas não sei o que fazer. Ela não tem consistência”, argumentou. O empresário disse que vai aguardar uma nova proposta, mas caso seja mantida essa intransigência, o grupo está fora do negócio.
Antes de anunciar, oficialmente, a decisão os integrantes do consórcio pretendem conversar com a direção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o banco considerado o maior credor da Chapecó. “Pretendemos dizer que essa exigência não representa uma proposta”, afirmou. A Globoaves pretendia utilizar o abatedouro da Chapecó, em Cascavel, mantendo os empregos e abrigando pintainhos nos aviários de produtores integrados. Todo o processo seria coordenado pela Globoaves enquanto que a marca seria da Sadia que ficaria encarregada de abrir mercado para a produção.
Produção pode ser paralisada
De acordo com a Agência Brasil, o ministro interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Márcio Fortes de Almeida, tem expectativa de que nesta semana comece a ser definida uma proposta final estruturada para evitar a paralisação da produção da Chapecó Alimentos, que opera nos três estados do Sul. Em reunião na sexta-feira na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ficou decidido que a Chapecó notificaria, os vários grupos de empresas do setor produtor e exportador de aves e prefeituras quanto ao conjunto de propostas recebidas.
Até agora, as soluções apresentadas são de arrendamento de unidades do frigorífico e opção de compra. Fortes afirmou que a grande preocupação do ministério é com a questão social, que envolve funcionários, integrados e transportadores, uma vez que a interrupção do processo produtivo poderá trazer uma situação delicada para esses grupos em termos de desemprego na área.
O ministério quer evitar também o abate prematuro, ou sacrifício, de animais. Para o ministro, 48 a 72 horas serão prazo suficiente para que as companhias manifestem seu interesse, sem que haja perda da continuidade de operação da Chapecó. Ele não quis revelar o montante do prejuízo da Chapecó junto aos credores, entre os quais se encontra o BNDES.