A GTFoods, empresa do setor de aves com sede em Maringá, no Paraná, está se preparando para abrir o capital. A informação foi dada pelo diretor da companhia, Ciliomar Tortola, em entrevista a Globo Rural. “Estamos nos organizando há pelo menos dois anos e temos essa perspectiva.”
Segundo ele, consultorias já prestam serviços à empresa tendo em vista esse objetivo. A expectativa, afirma, é que um eventual IPO (Oferta Pública Inicial) da companhia seja possível a partir de 2016, quando é esperado que o faturamento esteja superior a R$ 2 bilhões.
“Tem fundos e grupos interessadas em adquirir parte da empresa e eu tenho comigo que, se for vender uma parte, vou vender na bolsa”, garante o executivo, explicando que, atualmente, a gestão da empresa está em fase de transição de uma estrutura familiar para uma administração mais profissionalizada.
No ano passado, a GTFoods faturou R$ 1,195 bilhão. Parte do resultado, diz Tortola, é explicada pelo aumento no volume abatido, que passou de 370 mil para 480 mil aves por dia (20% de granjas próprias empresa e 80% integração), e parte pelo aumento de custos, repassado nos preços.
Para 2014, a expectativa é de que a receita atinja R$ 1,6 bilhão. Do total, 65% devem vir do mercado interno. “O crescimento está ligado ao aumento de abate. Os contratos que temos para exportação e de produtos mais elaborados no mercado interno nos dão esta perspectiva”, afirma o diretor. Para 2015, a projeção é de R$ 2,2 bi, com um abate de 610 mil aves por dia.
A companhia ainda planeja investir entre R$ 25 e R$ 30 milhões em uma nova planta de produção de embutidos, que deve ser localizada no Paraná. A expectativa é de que a unidade esteja pronta até o final de 2016, com capacidade de produzir 5 mil toneladas por mês.
Mercado – Com relação ao mercado, Tortola avalia que janeiro foi “bom”. Já em fevereiro, houve aperto porque os custos de produção ficaram praticamente iguais, mas os preços tiveram uma acomodação. De qualquer forma, as cotações têm sido favorecidas pelas altas também das carnes bovina e suína.
“No mês de março já houve uma recuperação. Abril deve refletir pressão de custos porque o frango que está sendo preparado agora está consumindo milho comprado a um preço mais alto”, explica o diretor da GTFoods.
Com relação às exportações, a expectativa é de um crescimento de até 2,5% neste ano na comparação com 2013, o que faria o mercado externo responder por até 35% do faturamento total. Atualmente, a companhia exporta para mais de 70 países, sendo o mercado árabe o destino de 40% do volume embarcado.
A empresa espera a liberação do mercado da União Europeia. De acordo com o diretor, falta apenas a confirmação por parte do Ministério da Agricultura. “Se conquistar a habilitação, há a possibilidade de crescer mais, mas não podemos contar com isso ainda”, diz Tortola.
O ponto de incerteza, segundo ele, é o período pós-Copa do Mundo. “Se não reduzir o volume de alojamento, pode ser que complique, mas estamos trabalhando para que não haja uma corrida em alojar sem ter o mercado na mão. Não é o nosso caso, mas somos afetados se isso ocorrer.”
De um modo geral, Ciliomar Tortola entende que um dos principais desafios do setor atualmente é administrar a mão de obra. Para o executivo, o custo com pessoal acaba inibindo investimentos em produção que poderiam agregar mais valor. “Tudo o que nós podemos automatizar, estamos automatizando.”