Redação (03/04/2009) – A possibilidade de recuperação extra-judicial pode ser uma alternativa para agilizar a retomada dos negócios do Frigorífico Independência, que há dois meses era o quarto maior do País em capacidade de abate. Essa saída pode resultar em um acordo com credores em menos tempo. De acordo com especialistas no assunto, a recuperação extra-judicial pode ser feita entre 60 e 90 dias, enquanto a judicial, demanda até 180 dias.
O Independência afirmou ontem não poder confirmar a informação de que estuda desistir da recuperação judicial e partir para um acordo extra-judicial com os credores. Especialistas em recuperação de companhias ponderam, contudo, que apesar de ser mais ágil, a recuperação extra-judicial não protege a empresa de "ataques" de credores, ou seja, de pedidos de arrestos de bens, de execuções de outras naturezas e até de pedido de falência. "O ato de estar negociando com os credores, não dá o direito à empresa de ter suas dívidas suspensas. Agora, a companhia pode, assim como qualquer outra empresa, defender-se judicialmente de medidas pontuais e individuais tomadas por seus credores", explica Fábio Rosas, sócio da TozziniFreire na área de Recuperação de Empresas.
Um outro especialista no assunto explica que as regras da recuperação extra-judicial permitem que a empresa negocie acordo com 60% dos credores, entre na Justiça para homologar e, se o juiz deferir, o plano é estendido aos outros 40%. "É muito mais rápida e não afeta tanto a credibilidade da empresa quanto a recuperação judicial", avalia o especialista. Ele pondera, entretanto, que desistir da recuperação judicial e depois voltar atrás trará impacto muito negativo à imagem da companhia.
No terceiro trimestre de 2008, o último balanço disponibilizado pela empresa, o endividamento bancário total do Independência era de R$ 1,8 bilhão, dos quais R$ 528 milhões de curto prazo. Apesar de o frigorífico não confirmar que estuda desistir da recuperação judicial para tentar uma extra-judicial, especialistas no assunto consideram que essa seria uma boa saída para a empresa.
Além disso, há sinais de que o negócio de processamento de carne bovina começou a melhorar. Após período de fortes quedas nas exportações de carne bovina, em março os embarques tiveram recuperação, assim como os preços no mercado interno. O volume exportado aumentou 24,5% em relação ao mês anterior e caiu apenas 2,6% na comparação com março do ano passado. Os preços em dólares, tiveram alta de 1,0% em relação a fevereiro. Nos últimos dez dias, o valor da carcaça bovina no mercado interno também reagiu forte com alta de 10%, de R$ 4,65 para R$ 5,13.
Quando anunciou seu pedido de recuperação judicial, em 2 de março, a empresa pretendia retomar os abates nas plantas de Mato Grosso e de Rondônia uma semana depois, mas, desde então, fechou sete fábricas, um centro de distribuição e demitiu 6,2 mil pessoas, mais da metade do seu quadro de funcionários.
Há rumores de que a empresa deve retomar em algumas semanas os abates nas unidades de Santana de Parnaíba (SP), Janaúba (MG), Pontes e Lacerda, Juína e Colíder (MT) e Rolim de Moura (RO). De fato, a empresa informou que é nessas unidades que estão sendo feitos ajustes para adequar a estrutura da empresa à realidade do mercado.