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Agroindústrias

Inquietação nos Aviários

<p>Produtores gaúchos estão preocupados com a fusão entre Sadia e Perdigão.</p>

Sentimentos contraditórios têm tirado o sono de avicultores gaúchos desde a fusão das empresas Sadia e Perdigão, que deu origem à gigante Brasil Foods. Muitos demonstram receio e desconfiança pelo que está por vir. Outros, tentam renovar a esperança pela melhoria nas condições de trabalho e remuneração. Na ponta da cadeia, os avicultores aguardam com expectativa os novos rumos que se desenham para o setor.

Com a crise, na propriedade de Marcelo Foltz, integrado à Sadia, em Santa Clara do Sul, a criação de seis lotes anuais (cada uma com 15 mil aves) diminuiu para quatro em 2009. Na prática, a mudança assustou: são apenas 60 mil frangos para quem costumava criar 90 mil todos os anos, perda de 30% a 40% na renda total da família.

A apreensão dos Foltz, no entanto, aumentou ainda mais nas últimas semanas, com o anúncio da união das duas rivais. Apesar da incerteza, Foltz e os demais avicultores do Vale do Taquari não conseguem esconder uma pontinha de esperança por dias melhores, principalmente no que se refere a retorno financeiro.

Na última terça-feira, uma reunião organizada pela própria Sadia acalmou os nervos dos agricultores e mostrou o quanto a direção está otimista com a fusão. Segundo a empresa, nada vai mudar nos próximos meses. “Eles afirmam que é para ficarmos tranquilos. Temos muita fé. Vamos esperar e, se as coisas piorarem, iremos unir forças para defender o nosso lado” comenta Foltz.

Para quem chefia uma das principais entidades do setor, o poder de barganha da Brasil Foods no Exterior é a senha para que a avicultura brasileira reforce sua musculatura na disputa no mercado de carne de frango. E mais: resulte em maior produção e consequente aumento de renda de quem produz. “É importante que o setor esteja fortalecido pois o avicultor também se beneficia já que o cenário é positivo”, explicou Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef).

Marco Antônio Montoya, doutor em economia e professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), tem uma posição diferente. Na sua avaliação, a criação de uma grande empresa no ramo gera uma concentração de mercado que pode não ser traduzida em benefícios para quem está na ponta da cadeia. Para o professor, há risco de que os lucros com o fortalecimento das marcas não sejam repartidos com toda a cadeia.

No interior de Passo Fundo, no norte do Estado, um produtor comanda uma granja com dois aviários onde são criadas, em média, 30 mil aves. Integrado da Perdigão, que tem unidades de abate na vizinha cidade de Marau, o agricultor está ansioso. “Uns, dizem que a gente vai ter que aumentar a produção para atender um possível incremento dos pedidos. Outros, que pode haver prejuízo, já que perderemos poder de barganha. Vamos esperar. Por enquanto, nada mudou”, destaca o avicultor, que não quis se identificar.

Para um integrado da Doux Frangosul em Passo Fundo, concorrente direto da nova empresa, e que também não pode se identificar por causa do contrato com a empresa, a união prejudica a chance de os produtores conseguirem melhores preços.

Mais

Expointer – A Comissão Permanente de Exposições e Feiras da Secretaria da Agricultura esteve reunida, em Porto Alegre, para dar a largada na programação técnica da Expointer 2009. As datas limites para a inscrição de animais foram definidas como 3 de julho para animais de argola e 7 de agosto para os rústicos. A feira ocorrerá de 29 de agosto a 6 de setembro.