A integração agroindustrial é uma relação econômica para ser aperfeiçoada e não combatida. Contestar o sucesso do sistema de produção integrada é um erro. Apesar das dificuldades, produtores de aves que fazem parte do sistema integrado gozam de estabilidade econômica ao contrário dos não-integrados, que estão migrando para as cidades e a avicultura independente desapareceu. A integração proporciona renda mensal, que é indispensável às famílias rurais. Portanto, é necessário aperfeiçoar e não combater a integração porque, sem ela, produtores ficam em situação fragilizada. O criador precisa da indústria e a indústria não produz sem o avicultor. É claro que defendemos uma remuneração justa para os criadores e uma relação transparente entre indústrias a avicultores, mas isso não se conseguirá com ataques, e sim com estudo de dados econômicos, análises técnicas e um respeitoso diálogo, prevalecendo o bom-senso nas discussões.
O sistema de produção avícola integrada é uma parceria que há 60 anos une criadores de frangos e agroindústrias. A avicultura é a melhor alternativa econômica para o pequeno produtor rural, constituindo um modelo copiado por outras regiões brasileiras e outros países, por isso deve ser fortalecida como uma gigantesca importância econômica do setor ao País, maior exportador e o terceiro maior produtor de aves mundial, gerando empregos no setor urbano e rural.
Tecnologias – A carne de aves é universalmente aceita em razão de sua alta qualidade e da inexistência de restrições de ordem religiosa. E o sistema de integração levou bem-estar às famílias rurais e transferiu tecnologia aos criadores, sendo injustas algumas críticas endereçadas ao sistema de integração, tendo a Embrapa com pesquisas econômicas sobre custos e resultados atestando o equilíbrio na relação produtor/indústria e despesa/renda. Todas as regiões brasileiras desejam empresas avícolas com esse sistema de produção em razão da capacidade de gerar empregos, viabilizar estabelecimentos rurais e distribuir riquezas ao longo da cadeia produtiva. A cadeia mantém, no Brasil mais de cinco milhões de empregos. Santa Catarina e Paraná lideram exportações, sendo o Paraná o maior produtor de aves do País, resultado do sistema de integração e investimento das empresas em novas tecnologias, da produção ao consumidor, para a manutenção dessa competitividade.
Estudo recente da Embrapa comprovou a viabilidade do sistema de integração agroindustrial e foi apresentado pelo Sindicato Patronal dos Criadores de Aves do Estado de Santa Catarina (Sincravesc) e pela Associação Catarinense de Avicultura (Acav) no ano passado, com um relatório final do custo de produção de frango de corte em Santa Catarina, fruto de um trabalho científico desenvolvido pelo Centro Nacional de Pesquisas de Suínos e Aves da Embrapa. As conclusões confirmam que o sistema de produção avícola integrada é viável, rentável e sustentável, influenciando positivamente o relacionamento de pelo menos 10 mil criadores e 20 indústrias avícolas. O trabalho foi solicitado em maio/10 pelo Comitê Paritário de Avicultura, colegiado criado em 2007 e que reúne representantes dos produtores rurais e das indústrias de abate de processamento de aves, tendo a chancela das duas principais instituições do setor no maior Estado exportador, que é Santa Catarina. A metodologia utilizada baseou-se na definição dos sistemas de produção mais representativos e no levantamento de coeficientes técnicos e preços de mercado por meio de painéis com especialistas e profissionais que atuam nas cadeias produtivas.
Custos – O trabalho caracterizou três sistemas de produção: aviário convencional, aviário automatizado e aviário climatizado. O aviário convencional representa mais de 80% das unidades existentes em Santa Catarina, tem 1.200 metros quadrados de área (100m x 12m), piso de chão batido, comedouro tubular, bebedouro nipple, aquecimento à lenha, um silo para ração, ventiladores em pressão positiva, resfriamento por nebulização, forro e cortina. Esse aviário tem custo total de R$ 158,5 mil, incluídas as instalações (R$ 90,6 mil) e equipamentos (R$ 67,9 mil). O aviário automatizado representa cerca de 15% das unidades em produção, tem 1.200 metros quadrados de área (100m x 12m), piso de chão batido, comedouro automático, bebedouro nipple, aquecimento à lenha, dois silos para ração, ventiladores em pressão positiva, resfriamento por nebulização, forro e cortina. O custo desse criatório de aves é de R$ 177,5 mil, sendo R$ 90,6 mil em instalações e R$ 86,9 mil em equipamentos. Representando menos de 5% dos criatórios em produção, o aviário climatizado ou semidarkhouse é formado por dois galpões de 2.400 metros quadrados de área, cada um; piso de chão batido, comedouro automático, bebedouro nipple, aquecimento à lenha, quatro silos para ração, exaustores em pressão negativa, resfriamento por nebulização, forro e cortina. O valor das instalações e equipamentos deste sistema é de R$ 328,5 mil e de R$ 268,6 mil, respectivamente, totalizando R$ 597,2 mil.
Vou dar sequência a esse assunto no próximo artigo, mas toda a atividade precisa ter lucro e o que os integrados precisam, com o apoio das integradoras, é montar uma planilha de custos – receita e despesas – na qual se evidencia o ganho da atividade, terminando a divisão em uma parceria de grande sucesso no Brasil.
Valter Bampi, médico veterinário, professor universitário e especialista avícola.