Estudos da Embrapa, citados no artigo anterior sobre a viabilidade da integração nos aspectos econômico social, ambiental, político e outros, foram desenvolvidos de maio a agosto de 2011 e comprovaram que a vida útil das instalações é de quase 25 anos e dos equipamentos de 14 a 15 anos, nos três sistemas de aviários. O número de lotes por ano é de 6,2 a 6,5 e o peso final do frango de corte ficou padronizado em 2,625 kg nos três modelos de produção. A idade média de abate é de 40 a 42 dias. Também foram investigados os coeficientes técnicos de produção (cama, número de lotes para troca de cama, energia elétrica, gás, lenha, mão-de-obra, cal, papel para pinteira, manutenção e seguro) e os preços dos insumos e os fatores de produção (cal, energia, gás, lenha, mão-de-obra, maravalha, papel, licença de operação, segurança e serviço de apanhe). Mas, foi na definição do custo operacional do avicultor que ficou comprovada a viabilidade do sistema de integração.
No modelo convencional de produção de frango industrial de corte, de absoluta predominância entre os aviários existentes, o custo operacional total foi calculado em R$ 5.682,00. Nesse custo estão incluídos rendimentos diretos e indiretos, como R$ 1.537,00 de mão-de-obra e R$ 1.461,00 de depreciação. O pagamento médio das indústrias é de R$ 6.700,00 por aviário. Isso significa que o rendimento médio por aviário – considerando-se o resultado líquido mais o pagamento da força de trabalho familiar e a depreciação – é superior a R$ 4.000,00. O aviário automático tem custo avaliado em R$ 5.969,00. De existência rara no sistema de produção, o aviário climatizado semi darkhouse tem um custo operacional de R$ 19.100,00 em razão de empregar o dobro de área e exigir equipamentos maiores e tecnologia elevada. Nesses, também, a remuneração é superior aos custos totais. Sempre reconhecemos a competência técnica e a isenção ética da Embrapa, por isso delegar a ela a missão de apurar, calcular e definir os custos de produção a campo foi um ato inteligente.
Criadores ativos e competentes estão acima da linha descrita pela Embrapa e auferem lucros maiores; enquanto os avicultores menos eficientes estão abaixo e recebem menos. As conclusões do estudo da Embrapa derrubam por terra as “fantasiosas avaliações de grupo e pessoas estranhas à cadeia produtiva”, que afirmavam estar em torno de R$ 12.000,00 o custo operacional do modelo convencional de aviário.
Como funciona – A fórmula parece perfeita: o produtor entra com know how e parte do investimento e a indústria fornece tecnologia e os animais ou sementes de alta genética. A receita do sistema de integração é ideal, porém há situações no mundo em crises e altos e baixos da economia, que a gestão de uma ou outra empresa não pode comprometê-lo, exemplo recente de uma integradora no Rio Grande do Sul. Desde 2008, afetada pela crise econômica internacional, essa empresa tem passado por dificuldades de manter em dia o pagamento dos produtores integrados, que para ela fornecem suínos e aves. Frente a um cenário como este, surge o questionamento sobre quais os rumos do sistema de integração e se realmente vale a pena se manter como produtor integrado.
Mesmo frente a situações de crise, como essa, lideranças do setor defendem esse tipo de sistema como a única alternativa para que o agricultor se mantenha no mercado, concordando que os problemas existem, mas asseguram que se trata de um sistema essencial para a manutenção da atividade no País. Tenho absoluta convicção de que o sistema é a força motriz que mudou os conceitos da avicultura, da suinocultura e de muitos outros setores, como o fumo, e que está avançando, cada vez mais, chegando logo ao leite
Essa modalidade de parceria vertical foi originada nos Estados Unidos em 1950, onde abrange 100% da cadeia de frangos e suínos. No Brasil, chegou em 1960 e atinge 85% do sistema de avicultura e 60% do setor de suínos, sendo praticamente inviável a manutenção de mercados, especialmente externos, sem a existência da padronização do sistema de integração, que estabelece normas de criação, manejo e tipos de ração.
Trazendo o desenvolvimento – Imaginemos como funcionaria a avicultura: ou as empresas teriam seus aviários e os produtores seriam empregados, o que seria infinitamente pior, ou teríamos o sistema independente, que não seria aceito pelo mercado externo. O fato de uma empresa ter tido problema não é motivo para que todo um conceito seja descaracterizado, isso é um absurdo e o sistema não deve ser questionado. Lembro o crescimento de mais de 60 municípios no norte do Paraná, região em que atuo, e a ânsia daqueles que não entraram ainda em ingressar nessa atividade, eliminando sérios problemas de desemprego e pobreza. O sistema de integração salva cidades no Brasil afora, dobrando PIB e multiplicando empregos, precisando importar empregados de outras cidades, aqueles municípios privilegiados em ter a sede a indústria de processamento de uma integradora.
Valter Bampi, médico veterinário, professor universitário e especialista avícola.