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Economia

JBS compra banco

Fusão com JBS dá fôlego para Matone emprestar. Banco gaúcho estava com Basileia abaixo do mínimo exigido.

A venda de 60% do capital do banco Matone para o grupo controlador do frigorífico JBS, anunciada ontem, põe fim – ao menos, por ora – à busca por um novo sócio, que vem sendo empreendida desde 2006. Em junho de 2008, um grupo de ex-sócios do Pactual, na época encabeçado por André Esteves, chegou a avaliar a compra de uma fatia minoritária no Matone, mas as conversas não evoluíram.

A fusão chega em boa hora para o Matone. De pronto, a operação vai reforçar sua estrutura de capital, sustentando a expansão das concessões de crédito. “Prefiro ser minoritário em um negócio maior a ter o controle total de um negócio menor”, afirma Alberto Matone, presidente da instituição financeira que leva seu sobrenome. Faz parte dos planos, mais para frente, uma oferta pública de ações do novo banco, que deve ganhar também novo nome assim que a parceria receber o aval do Banco Central (BC).

Após efetivado um aporte de R$ 300 milhões (R$ 200 milhões no Banco JBS e R$ 100 milhões no Matone), o balanço consolidado das duas instituições vai apresentar um patrimônio líquido de R$ 550 milhões. As carteiras de crédito somam R$ 2,5 bilhões. A expectativa de Joesley Batista, presidente da holding J&F (debaixo da qual está a J&F Participações Financeiras, controladora do Banco JBS), é que o saldo de financiamentos alcance cerca de R$ 6 bilhões em um ano e meio.

O cenário é bem diferente daquele que se desenhava no horizonte do Matone até então. Em setembro, quando o patrimônio líquido do banco era de R$ 231 milhões, seu índice de Basileia (capital para a cobertura de eventuais perdas com operações de crédito) estava em 9,13%, abaixo do mínimo de 11% exigido pelo BC. O banco chegou, inclusive, a ter sua nota de risco de crédito rebaixada pela Fitch Ratings há três semanas.

Em dezembro, o patrimônio líquido do Matone era ainda menor do que em setembro, de R$ 180 milhões, segundo Matone – o balanço auditado do banco em 2010 deverá ser divulgado nos próximos dias. Com o mercado de cessão de carteiras de crédito ainda travado por conta das fraudes apuradas no PanAmericano e a exigência de mais capital para a concessão de empréstimos com prazo superior a 36 meses – medida do BC que atingiu em cheio o segmento de atuação do Matone, o crédito consignado em folha de pagamento -, a tendência era de que a pressão sobre o banco aumentasse ainda mais.

“Agora voltaremos a ter folga”, afirma Matone. Segundo fontes de mercado, o banco chegava a produzir, por mês, R$ 170 milhões em crédito consignado, só que não tinha capital suficiente para sustentar esse ritmo. Com a fusão, Matone também espera reduzir em 10% o custo de captação do banco no mercado. Em 2010, até setembro, o Matone acumulava prejuízo de R$ 10,483 milhões.

O Banco JBS, ao contrário do Matone, possui bastante folga de capital. Seu índice de Basileia, em setembro, era de 27,91%. Trata-se de uma instituição nova, com apenas três anos de vida e um patrimônio líquido pequeno, de R$ 104,35 milhões. Criado para financiar a cadeia de pecuaristas fornecedores do frigorífico do grupo, o Banco JBS vai expandir agora a atuação para atender ao varejo, público-alvo do Matone. O novo banco a ser formado a partir da união entre as duas instituições financeiras vai explorar também o crédito imobiliário, segmento no qual o Matone já conta com alguma presença.