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JBS estuda ampliar produção e contratar 5 mil no país

Empresa diz que não observou diminuição em suas margens no mercado brasileiro neste início de 2009.

Redação (04/03/2009) – Depois de ver suas ações caírem 2,38% só na segunda-feira, reflexo das preocupações dos investidores após o frigorífico Independência ter paralisado os abates de bovinos e pedido recuperação judicial, a JBS S.A divulgou um comunicado ao mercado informando que suas margens não foram afetadas neste início de ano e que pode contratar cinco mil funcionários para ampliar a produção no país. 

"Em observação aos eventos recentes no setor da carne bovina, a JBS S.A. comunica que não observou diminuição em suas margens no mercado brasileiro neste início de 2009", diz a nota ao mercado. Segundo a empresa, as margens não caíram em relação à média do primeiro trimestre de 2008, quando estava na casa dos 3%. 

O comunicado afirma, ainda, que em função da capacidade de abate instalada que a JBS tem atualmente – 18,9 mil cabeças por dia – , a empresa estuda "quais de suas plantas no Brasil terão sua produção ampliada com a possível contratação de até 5.000 pessoas durante o primeiro semestre de 2009". 

A ideia da JBS, maior companhia global de carne bovina, é reduzir a ociosidade em suas 18 unidades espalhadas por nove Estados do país. Hoje, a média é de uma utilização de 50% da capacidade de abate no setor no Brasil. Na JBS, a utilização está acima disso, segundo a empresa. Com o aumento dos abates, a JBS também quer ampliar sua participação no mercado brasileiro de carne bovina. 

"Como há frigoríficos saindo do mercado, a concorrência está diminuindo e a JBS quer ocupar esse espaço", comenta Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria. Ele avalia, porém, que a estratégia tem seus riscos porque a oferta de gado bovino para abate segue reduzida, há uma disputa acirrada no mercado doméstico de carne e o cenário de crédito continua ruim. 

A concorrência é grande no mercado interno porque a demanda internacional está fraca em função da crise, o que leva as empresas a ofertarem mais carne bovina no mercado nacional. 

A tendência, diz Tito Rosa, é que a JBS amplie o abate em regiões com maior disponibilidade de bois, como o Mato Grosso, e onde frigoríficos com problemas financeiros fecharam fábricas. 

Outra medida anunciada pela JBS foi a redução da taxa de antecipação do pagamento para compra de bovinos, uma estratégia para atrair e acalmar pecuaristas que vêm sendo aconselhados por sindicatos rurais a vender apenas à vista por causa da crise financeira, observa Tito Rosa. 

Normalmente, no mercado de boi os negócios são feitos com prazo de pagamento de 30 dias. No caso de negócios à vista, os frigoríficos obtêm um desconto no preço. "Como forma de compensar parte de possíveis perdas dos produtores, a companhia está reduzindo a taxa de antecipação do pagamento para aquisição de animais à vista de 4% para até 2% ao mês", diz a empresa na nota. 

De acordo com a JBS, o objetivo das medidas é contribuir para o escoamento da produção e a manutenção do abastecimento do mercado consumidor. Outra ideia é a preservação de empregos – hoje a JBS tem 18 mil funcionários em suas unidades no Brasil.