A JBS SA não acredita que a exportação de carne bovina in natura brasileira para os Estados Unidos seja iniciada antes de 2016, considerando formalizações ainda necessárias para a abertura de mercado anunciada em junho, disse o CEO global da companhia, Wesley Batista, na sexta-feira (14).
Apesar disso, a empresa vê melhora nos resultados globais consolidados do grupo já para os próximos trimestres, diante das fortes vendas de processados no mercado nacional, aumento das exportações brasileiras para a China, desempenho nos Estados Unidos e melhora nas margens da Primo Group, australiana cuja aquisição foi finalizada em março deste ano.
“Eu acredito na formalização da abertura do mercado (dos EUA)”, disse Batista, em teleconferência com analistas. “Não tem risco de isso não acontecer, mesmo com o movimento de lobby vindo de alguns setores. Mas acredito que este ano nós não vamos ver exportação de carne brasileira (in natura) para os EUA”, acrescentou.
O executivo disse que a JBS está otimista com essa abertura de mercado, que espera que ocorra efetivamente em 2016, já que tem uma base de distribuição de produtos estabelecida nos EUA e poderá se beneficiar dos canais de venda no país.
Produtores de gado nos EUA têm se colocado contrários à abertura do mercado à carne bovina in natura brasileira, e o presidente da Minerva Foods, Fernando Galletti de Queiroz, já havia dito no início de agosto que as vendas poderiam demorar mais que o previsto.
Inicialmente, a expectativa do setor era de início dos embarques para os EUA já em setembro, o que ajudaria a elevar as exportações de carne bovina brasileira no ano, que acumulam queda de 15% em volume até julho, na comparação com igual período de 2014.
Já as vendas de carne bovina brasileira para a China, cujo embargo terminou no fim de maio, estão firmes, sendo que a JBS detém sete de nove plantas aprovadas para vender ao país, segundo o executivo.
A JBS responde por quase 45% das exportações brasileiras totais de carne bovina atualmente.
Ganhos no mercado interno aumentam
As vendas de alimentos processados da JBS no mercado brasileiro já mostram elevação no terceiro trimestre, segundo os executivos, apesar da crise econômica que atinge o país. A empresa já havia registrado um aumento de 30% na receita com produtos processados no Brasil no segundo trimestre, diante de igual período do ano passado.
“Em julho, fizemos o maior volume da JBS, mesmo com todas as promoções que estão ocorrendo no mercado”, disse Batista, sobre as vendas no mercado doméstico. “Não estamos vendo consumidores reduzindo a demanda no Brasil”, acrescentou.
A concorrência no mercado de carnes processadas no Brasil aumentou em julho, quando a BRF, concorrente da JBS, retomou a comercialização de produtos da Perdigão e passou a contar com mais uma marca, além da Sadia, para concorrer com a Seara, da JBS.
Executivos da JBS disseram que a empresa registrou aumento da participação de mercado no segundo trimestre, mesmo tendo elevado os preços em cerca de 5 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre. A empresa acrescentou 19 mil novos clientes à sua base, na comparação ao registrado no fim do segundo trimestre do no ano passado.
Batista disse ainda que a oferta de gado no Brasil está se adequando, com consequente recuperação das margens da companhia já sendo observadas no terceiro trimestre.
“Nós estamos otimistas, achamos que a indústria está mais equilibrada do ponto de vista de balancear oferta e capacidade”, disse. “Claramente, vamos ter o terceiro trimestre com margens melhores do que foram no primeiro e no segundo trimestres”, acrescentou.
Recuperação do rebanho nos EUA
A JBS espera uma maior disponibilidade de bois para abate nos Estados Unidos a partir de 2016, diante do crescimento na retenção de vacas e novilhas que está ocorrendo neste ano, disse o presidente da JBS USA, André Nogueira.
“A nossa expectativa é que em 2016 a gente possa ver um aumento de 2% na disponibilidade para abate, e em 2017, um número mais significativo”, disse Nogueira.
Nogueira disse ainda que o consumo interno de carne bovina nos EUA não diminuiu, apesar da redução na produção local, que foi compensada por importações.
A recuperação esperada do rebanho deverá ajudar na melhora do desempenho da JBS USA, que inclui as operações da Austrália e Canadá, segundo os executivos.
Além disso, a companhia espera elevação das margens operacionais da australiana Primo Group, cuja aquisição pela JBS foi finalizada em março. “A Primo ainda não está performando num nível que acreditamos que vamos operar. Acreditamos que vamos operar esse negócio na casa de 15% de margem”, disse Batista, sem dar um cronograma para chegar a este patamar.
JBS não está trabalhando em novas aquisições
A JBS, que já adquiriu duas empresas neste ano apesar de ter declarado que estava focada no crescimento orgânico, não está avaliando nenhuma aquisição específica neste momento, segundo o CEO.
“Fizemos duas aquisições, porque achamos serem super estratégicas”, disse Batista. “Hoje, não estamos olhando nada especificamente, e achamos que vamos digerir o que fizemos. Estamos quietos, estamos reativos, não estamos ativos.”
O executivo acrescentou que espera que todas as aprovações concorrenciais para as aquisições da Moy Park, na Europa, e dos negócios de suínos da Cargill, nos Estados Unidos, ocorram ainda neste ano.