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JBS prevê bons resultados nos EUA e na Europa em 2021

Retomada das economias - e do food service - tende a beneficiar negócios da companhia

JBS prevê bons resultados nos EUA e na Europa em 2021

As unidades da JBS nos Estados Unidos e na Europa deverão continuar entregando bons resultados em todas as divisões de negócios em 2021, o que tende a gerar resultados robustos e bons dividendos no próximo anos. Em teleconferência com analistas, executivos da companhia afirmaram que a perspectiva positiva decorre, em boa medida, da retomada da  economia — e do food service — nos dois mercados, com reflexos positivos sobre as demandas domésticas em meio a exportações ainda aquecidas.

“Começamos este ano em uma posição bem mais favorável de demanda do que no ano passado, com mais gado em confinamento e com demanda muito forte nos mercados domestico e externo”, afirmou o CEO da JBS USA, André Nogueira. Segundo ele, a perspectiva de melhora está calcada no retorno do food service nos Estados Unidos e na Europa — onde as reaberturas deverão ganhar força entre maio e junho, se tudo correr bem. Nesse contexto, a JBS USA começa a operar em maio uma nova planta para a produção de bacon.

Mas nem tudo são flores. O boi continua a ser uma dor de cabeça para a empresa na Austrália e no Brasil, espremendo margens nos dois países. A JBS Brasil, que reúne as operações de carne bovina no país — as operações de couro e novos negócios também fazem parte da divisão —, reportou a pior margem Ebitda da companhia no quarto trimestre de 2020, de 5,1%. A arroba teve um aumento relevante, o que é um desafio grande do ponto de vista de rentabilidade, considerando que a cotação chegou a R$ 300.

“O preço do gado vai desafiar bastante a margem, mas a gente sabe que é um cenário cíclico. O preço do bezerro está interessante e faz o pecuarista reter matrizes, o que cria um cenário de oferta restrita a curto prazo e maior produção mais adiante”, afirmou Wesley Batista Filho, CEO da JBS Brasil e América do Sul.

Apesar do cenário de custos elevados, a JBS não deverá reduzir a utilização de capacidade de frigoríficos no Brasil. “A gente vai focar bastante na agregação de valor, na exportação — que vem desenvolvendo muito o mercado — e na eficiência. Por isso não vemos a redução da taxa de utilização como algo no horizonte”.

Questionado sobre como está a utilização dos frigoríficos, estimada em 45% por um analista, o executivo afirmou que o nível está mais elevado, em linha com o ano passado. “Não reduzimos a taxa de utilização de nossas plantas e não temos previsão para fazer isso”, disse Wesley Batista Filho.

No caso dos preços de soja e milho, o executivo destacou que a inflação dos grãos acontece com mais previsibilidade do que o aumento da arroba, o que permitiu que a companhia agisse em meados do ano passado para mitigar os aumentos registrados. Para ele, o cenário de preços de grãos no primeiro semestre de 2021 deverá ser semelhante ao do quarto trimestre de 2020.

Não há dados separados da Austrália, mas a piora da margem da divisão JBS USA Beef — onde as operações australianas estão incluídas — é um indicativo da situação adversa no país. Enquanto a Marfrig, por exemplo, viu a margem do negócio de bovinos na América do Norte aumentar 0,72 ponto, para 13,1%, a JBS registrou queda de 0,4 ponto na margem no quarto trimestre, para 9%.

Os preços do gado e da carne em máximas históricas pesaram sobre o resultado. “A situação só não está negativa porque temos muitos outros negócios e o Grupo Primo. O próximo ano ou ano e meio será muito desafiador na Austrália”, destacou Nogueira.

Já a demanda chinesa por proteína animal deverá continuar em 2021 e a dar suporte aos negócios da companhia. O país asiático passa por um novo surto de peste suína africana e ainda não está claro qual o impacto que a enfermidade terá no crescimento do rebanho chinês.

Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, destacou que a China está ampliando o número de matrizes de suínos e, com o preço do leitão em alta, os produtores têm um estímulo natural para investimento na produção. “Ainda que o país importe menos, será um volume muito maior do que o que acontecia anteriormente”, afirmou.

Tomazoni também realçou o crescente número de casos de peste suína africana na Alemanha. “Se a União Europeia voltar a ter problemas, abrirá ainda mais espaço para Brasil e Estados Unidos exportarem”. Nogueira afirmou que a expectativa é muito positiva para a demanda chinesa por proteína americana neste ano, cenário que se estende ao Brasil.