O governo canadense disse nesta quinta-feira que a mudança de controle em dos frigoríficos responsáveis por um dos maiores “recalls” de carne bovina do país, XL Foods, agora sob responsabilidade da JBS, não afetará o trabalho de inspeção praticamente concluído.
A JBS USA, subsidiária da JBS, informou na véspera que assinou o acordo para administrar os ativos da XL Foods, em uma operação que prevê opção de compra destes, além dos ativos da companhia nos Estados Unidos.
Os inspetores canadenses para alimentos devem recomendar nesta semana quando ou se a unidade de Lakeside da XL Foods, na província de Alberta, pode reabrir depois do caso de contaminação com E. Coli em 15 pessoas no Canadá, que levou ao recall de milhares de kilos de carne bovina no país.
A Agência de Inspeção Alimentar Canadense (CFIA), que retirou a licença operacional detida pela XL Foods em 27 de setembro, disse que “qualquer mudança na administração ou propriedade na XL não afetará nossa avaliação”.
Se a JBS exercer a opção de compra dos ativos canadenses e americanos, seria feito com um pagamento de 100 milhões de dólares, sendo 50 por cento em dinheiro e o restante em ações da companhia brasileira.
A companhia, que não assumiu os débitos e responsabilidades civis, disse que examinará cuidadosamente para descobrir o que houve de errado na planta, que tem capacidade para processar até 4,5 mil cabeças de animais por dia.
“Nós vamos ter que sentar com a XL e entender o que aconteceu na instalação até o momento e trazer nosso expertise para ajudar na situação”, disse o porta-voz da JBS, Cameron Bruet, nesta quinta-feira.
“Nós temos um histórico de muito sucesso em segurança alimentar e robusto programa de segurança e acreditamos que isso será ativo para a unidade”.
Ele disse que a JBS ainda não decidiu sobre mudanças específicas na forma de operação da planta.
Nesta semana, a CFIA revisou os passos que a XL Foods adotou para melhorar a segurança alimentar.
O ministro da Agricultura, Gerry Ritz, duramente criticado por sua atuação durante o recall da carne bovina, também indicou que nada deve mudar no cronograma revisado.
“Os consumidores canadenses podem assegurar-se de que a Agência de Inspeção Canadense adotará os mesmos padrões rigorosos de segurança alimentar independente da administração”.
“(CFIA) concluiu a última etapa da revisão e eu espero receber o relatório que vai traçar os próximos passos para a unidade”.
A JBS também já enfrentou problemas com contaminação por E. Coli. Em 2009, o Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar, de Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), determinou o recolhimento da carne produzida na JBS Swift. Nos EUA, 23 pessoas foram infectadas.
Entrada no Canadá – A operação marcaria a primeira compra de uma unidade processadora no Canadá pela JBS. A decisão poderá sair em seis meses, segundo Bruet.
Ele não informou quando a companhia iniciou as tratativas com a XL Foods.
Se concluída a operação com as unidades norte-americanas, a JBS teria um aumento adicional de 7,2 mil cabeças de abate por dia, ou quase 10 por cento da atual capacidade total.
Atualmente, a companhia tem capacidade para abater pouco mais de 80 mil cabeças/dia, segundo a assessoria da empresa.
A operação permitiria ainda à JBS ter acesso a importantes mercados consumidores que pagam mais caro pela carne bovina, além dos Estados Unidos, como Coreia do Sul e Japão, que são abertos ao produto canadense.