A JBS não foi a uma assembleia ordinária de acionistas da Inalca JBS, sexta-feira, na Itália, adiando, assim, o desfecho da disputa com seu sócio italiano, o grupo Cremonini.
Em nota, a empresa brasileira informou que não compareceu à assembleia porque seu sócio italiano recusou, em carta, um dos três possíveis executivos indicados pela JBS para substituir provisoriamente os conselheiros afastados semana passada pelo grupo Cremonini. Eles foram destituídos sob a alegação de que não têm residência italiana.
Na mesma nota, a JBS informa ter enviado um representante à assembleia para comunicar que só comparecerá à segunda convocação, amanhã. A empresa diz ter tomado a decisão “para avaliar melhor os acontecimentos e agir de forma coerente, preservando a Inalca em face de possível liquidação judicial”. A companhia brasileira não informou os nomes dos indicados provisoriamente ao conselho nem o do que teria sido recusado pelo grupo Cremonini.
Em um comunicado, o grupo italiano disse que a decisão da JBS de não comparecer à assembleia “atrasa um possível entendimento entre os acionistas”. Afirmou ainda que os novos nomes de conselheiros indicados pela JBS para a Inalca JBS estão atualmente “sob escrutínio” do Cremonini.
Após a destituição de seus três conselheiros Marco Bicchieri, Francisco de Assis da Silva e Aparecido Gilson Teixeira, na semana passada, a JBS informou que pediria, na assembleia da sexta-feira, a destituição dos atuais administradores delegados da Inalca JBS, Paolo Boni e Luigi Scordamaglia e a renovação do conselho de administração. Se não houvesse acordo, disse a JBS na ocasião, ela pediria a liquidação judicial da Inalca JBS.
A disputa entre JBS e Cremonini se acirrou em julho, quando a brasileira recorreu à Câmara de Comércio Internacional em Paris solicitando a arbitragem de questões de governança na Inalca JBS. Segundo a empresa brasileira, o Cremonini teria descumprido cláusulas contratuais, como a indicação pela JBS do diretor financeiro, e estaria impedindo o acesso a informações relevantes da empresa.
Já o Cremonini alega conflito de interesses e que o sócio brasileiro teria desrespeitado a cláusula de não concorrência e exclusividade na Europa, África e Rússia, acertada no início da parceria em dezembro de 2007.
A JBS comprou 50% da Inalca por US$ 225 milhões, em dezembro de 2007. No contrato, foi definido um ajuste de preço de € 65 milhões em favor da Cremonini se o lucro operacional (lajida) da sociedade excedesse € 90 milhões em 2010. Além disso, a Cremonini poderia exercer o direito de vender seus 50% à JBS se o lajida somar € 65 milhões este ano.