O GTFoods Group, de Maringá, entrou com pedido de recuperação judicial na semana passada, que foi deferido pela Justiça na tarde desta sexta-feira (12). A empresa não divulgou o valor das dívidas que motivou o processo, mas informou, no comunicado enviado na última quarta-feira a fornecedores, funcionários e parceiros, que enfrenta dificuldades devido à escalada nos preços de insumos, principalmente milho e soja.
Com 10 mil funcionários, 1,1 mil granjas e aviários integradas e receita de R$ 1,4 bilhão em 2014, os advogados responsáveis pelo processo apontaram que não haverá demissões ou paralisação nas operações da empresa. “Antes que a situação pudesse se agravar, a GTFoods optou pela recuperação judicial, mas acredita que tem potencial para atravessar este momento”, disse o advogado Alan Mincache. “O pedido foi deferido hoje (ontem) e temos até 60 dias para apresentar o plano de reestruturação com os credores”, completou a advogada Adriana Federiche Mincache.
Mincache insistiu que trabalhadores e avicultores não serão afetados. Porém, não quis informar quais serão os credores que terão de aprovar o plano de recuperação nos próximos 60 dias. No entanto, a empresa tem R$ 285,4 milhões em financiamentos ativos listados no site do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Em três meses, nove plantas de abate no País suspenderam as atividades e tivemos a Globo Alves, de Cascavel, com pedido de recuperação judicial deferido também. É um problema de momento no setor”, disse.
O grupo é responsável pelas marcas Frangos Canção, Gold Frango, Mister Frango, Canção Alimentos e Bellaves. São dez unidades industriais espalhadas pelo Estado, com 650 mil frangos abatidos ao mês e 600 avicultores integrados ou parceiros. A empresa existe há 24 anos, é a quarta colocada no País em abate de aves, tem 13 filiais no Brasil e exporta para 80 países. “Existe uma função social na empresa, que fomentou a atividade avícola na região e agregou valor e desenvolvimento humano”, disse o advogado.
Outra Empresa
A gigante JBS, proprietária de marcas como a Friboi, soltou nesta semana um comunicado a colaboradores, no qual afirma que adotará o prazo mínimo de 60 dias para pagamentos a fornecedores. A FOLHA entrou em contato com a assessoria de imprensa da empresa, para questionar quais tipos de fornecedores devem ser afetados pela decisão, mas não recebeu resposta até o fechamento da edição. Conforme o comunicado, particularidades de contratos serão tratados individualmente por gestores.
Um avicultor paranaense integrado à empresa, que não quis se identificar, informou que recebeu o comunicado, mas que não conseguiu descobrir se seria afetado. Ele disse acreditar que se trata de um aviso a fornecedores de insumos, mas reclamou da dificuldade maior que tem enfrentado para receber informações sobre as relações com a empresa.