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Agroindústria

Korin Alimentos investe na produção extensiva de suínos

Os primeiros clientes são supermercados Extra e Pão de Açúcar. O negócio começou com o volume de 400 animais por semana, mas deve chegar a 800 ainda neste ano.

Korin Alimentos investe na produção extensiva de suínos

A Korin Alimentos e o grupo JD, proprietário de uma fazenda de pecuária extensiva no Mato Grosso, firmaram parceria para colocar no mercado nacional a carne de suínos criados ao ar livre. Os primeiros clientes são supermercados Extra e Pão de Açúcar. O negócio começou com o volume de 400 animais por semana, mas deve chegar a 800 ainda neste ano.

Para os empresários envolvidos na iniciativa, o modelo conhecido por Siscal (Sistema Intensivo de Suínos Criados ao Ar Livre), ainda pouco utilizado, tem potencial para crescer no mercado brasileiro – com as demandas pelo bem-estar animal. Se o negócio der certo, a Korin deve investir na ampliação da oferta.

“Se esse mercado se expandir, poderemos trabalhar com produtores integrados”, afirmou o gerente-industrial da empresa, Luiz Carlos Demattê. Até então, o foco da Korin eram os frangos “verdes” e orgânicos (12% do total), produzidos por 26 pecuaristas integrados à marca.

No caso do acordo com o JD, a Korin se ateve a acompanhar e certificar a produção de suínos na Fazenda São Marcelo, em Tangará da Serra (MT). “Com a experiência que temos com frango, demos um upgrade no processo [de suínos]”, explicou Demattê. A produção, o abate e o corte são feitos no Mato Grosso.

Homeopatia no pasto – A carne suína produzida no Siscal apresenta valor até 30% superior ao do produto convencional, de acordo com o presidente do grupo JD, Arnaldo Eijsink. Isso porque os animais passam a vida ao ar livre, entre os piquetes de um pasto, e recebem tratamento sanitário especial, com hortaliças medicinais e homeopatia para debelar doenças. O preço do quilo varia entre R$ 2,20 e R$ 2,30, ante o valor médio de R$ 1,80 para o suíno de confinamento.

“O animal livre cria anticorpos, enquanto o animal confinado fica mais suscetível a doenças”, afirmou Eijsink. Mas disse que muitos leitões jovens morrem na Fazenda São Marcelo por motivos naturais, como o esmagamento provocado pela própria mãe. “Ainda não dominamos 100% da tecnologia para evitar alguns problemas – o índice de mortes, por exemplo, é alto.”

Para Demattê, “a ideia básica é um animal criado com maior liberdade, as matrizes tendo a oportunidade de parir ao ar livre, a densidade populacional menor, o solo sendo revolvido periodicamente: essas condições trazem saúde ao animal, e evitam o uso de antibióticos”.

A Korin valoriza especialmente a dispensa de medicamentos químicos no tratamento dos animais – algo ligado às origens orientais da empresa. “O trabalho [atual] é semelhante [ao de sempre]. O conhecimento da Korin sobre a produção de suínos é embasada no da de frangos”, explicou Demattê.

O grupo JD, por sua vez, leva à produção de suínos parte do know-how que tem com a produção de gado orgânico. Até o ano passado, a fazenda da empresa mantinha 30 mil cabeças de boi sendo alimentadas apenas por grãos livres do uso de agrotóxicos, entre outras exigências – o que se provou, de certa maneira, inviável para os pecuaristas, que deixaram de lado esse negócio.

Novos mercados – Até a semana passada, quando passou a trabalhar com a marca Korin, o grupo JD vendia os próprios suínos como se fossem convencionais (ou de confinamento), segundo o diretor-comercial da empresa, Daniel Watanabe. As vendas “em grande escala” também acabaram de começar.

Contudo, a frente de uma produção anual de 27 mil suínos, o empresário já demonstra interesse por novos mercados, como o de restaurantes. “Principalmente os de ponta, onde existe uma preocupação muito grande com o que é consumido”, disse ele.

O grupo JD se apresenta como a primeira empresa brasileira a receber o selo de “bem-estar animal” da certificadora francesa, com filial em Santa Catarina, Ecocert. A garantia é de que a produção extensiva nas fazendas da companhia evita o sofrimento dos animais. “A certificação considera o bem-estar animal do dia em que ele nasce até quando é carregado para o frigorífico”, explicou Watanabe. “O abate ainda é semelhante [ao convencional]”, admitiu, “mas estamos tentando adaptá-lo”.