Produtores de óleo de soja garantiram, em reunião com o presidente Jair Bolsonaro, oferta de derivados no mercado interno, disse ao Broadcast Agro o diretor-presidente da Lar Cooperativa Agroindustrial, Irineo da Costa Rodrigues, que participou do encontro. Segundo o executivo, o governo deixou claro que não pretende fazer qualquer intervenção para controlar o volume exportado.
“A preocupação do presidente é o aumento do óleo de soja, e, claro, de outros alimentos também, mas o foco era o óleo de soja. Ele queria ouvir o setor”, disse Rodrigues. “Primeiro foi dito ao presidente que não vai faltar soja e derivados para o abastecimento e que a alta no preço se deve ao consumo muito grande. Além da exportação, com o auxílio emergencial que o governo deu e ainda está em vigor, o dinheiro foi todo para alimentos, e o consumo de todos os alimentos aumentou”, contou ele sobre o encontro que reuniu representantes de tradings e cooperativas que abastecem o mercado brasileiro.
Segundo Rodrigues, o setor apontou ao presidente que a combinação de altas de futuros na Bolsa de Chicago (CBOT) e do dólar ante o real eleva os preços da soja e derivados, mas ponderou que os custos para plantar a próxima safra também aumentaram. “Foi uma conversa muito informativa, e o presidente queria (mostrar) a preocupação dele com o custo dos alimentos, com a inflação.” Segundo o representante, se o clima colaborar, a safra de soja 2020/21 deve ser “abundante”, o que ajudaria a aliviar a pressão sobre os preços.
Conforme o industrial, o setor reforçou que tem matéria-prima para garantir o abastecimento até a chegada da nova safra. “O setor tem soja para movimentar as indústrias até chegar a nova safra, portanto não vai faltar soja para atender ao mercado interno, seja de farelo ou de óleo”, disse. “O presidente pediu que, na medida do possível, que não se repasse preços. Só que a indústria está comprando essa soja a preço alto, o produtor que tem soja para vender está vendendo num preço alto. Nem tem como a indústria conseguir colocar margem em cima, não faz sentido.”
Rodrigues afirmou, ainda, que o setor saiu da reunião confiante de que o governo não busca intervir no câmbio e nem limitar exportação. “O que ficou muito claro é que um governo que não intervém, o que é bom para o setor produtivo”, disse. “Não havendo ameaças de intervenção, o setor produtivo vai produzir muito, porque está confiante naquilo que está acontecendo na economia. Não tem intervenção.”