O reconhecimento do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação pode impulsionar as exportações de carne suína pelo estado. Na opinião do vice-presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento, Elias Zydek, o novo status sanitário deve permitir que o Paraná consiga triplicar as exportações dessa proteína. “Seremos a redenção da suinocultura nacional”, disse ele, durante encontro com empresários em evento da Coordenadoria das Associações Comerciais do Oeste do Paraná (Caciopar), em Nova Santa Rosa.
Desde 2006, o estado não tem incidência do vírus causador da febre aftosa em seus plantéis. Um rigoroso cronograma de sanidade tem sido obedecido e a previsão era de o reconhecimento vir somente daqui a dois anos. “Fizemos um trabalho de base para mostrar que a antecipação poderia ocorrer, com benefícios comerciais ao País”. Zydek lembra que o aval para o Paraná parar de vacinar foi dado em encontro no dia 22 de abril, em Curitiba, em reunião do Bloco V do Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa.
A antecipação do cronograma resulta de um trabalho articulado da Caciopar, do POD e de outros entes, que incluíram o assunto como prioridade em sua pauta de ações. Ao citar os mercados de grãos e carnes, e sua relação com o conceito de aldeia global onde tudo está conectado, Elias Zydek disse que nesse mercado interligado há regras que precisam ser atentamente observadas e cumpridas. O Paraná segue um rigoroso plano sanitário, atento principalmente à peste suína, febre aftosa e gripe aviária, doenças condicionantes e limitantes de mercados. Se houver a confirmação de registros, então a região afetada estará proibida de negociar com o mundo.
Em função do status de livre de aftosa com vacinação, o Paraná não tem acesso a exportações a países como Japão, Coreia, México e outros, que compram 2,6 milhões de toneladas de carne suína por ano. Esses países representam 65% do mercado comprador dessa proteína. Além de exigentes eles remuneram com valores até 20% maiores em comparação aos periféricos, alguns dos países onde o Paraná chega com as suas 100 mil toneladas vendidas anualmente.
Maior produtor
Com o novo status sanitário, as metas dos criadores e empresas exportadoras do Paraná são ambiciosas. Uma delas é tornar o estado o maior produtor nacional de carne suína. Hoje, ele é o segundo com 18% do total da produção, atrás apenas de Santa Catarina, que responde por 21%. Em terceiro aparece o Rio Grande do Sul, com 14%. Juntos, os três estados da região Sul produzem o equivalente a 53% da produção brasileira de carne de porco. “E temos totais condições de assumir a liderança em pouco tempo”, conforme Elias Zydek.
Para confirmar o novo status, o Paraná terá de cumprir um ritual longo e sistemático. Será preciso, antes de efetivar novos contratos, aguardar um ano sem vacinação, bem como a realização de inúmeros testes de sorologia. Serão feitas auditorias para a verificação de protocolos e as fronteiras deverão estar cuidadosamente protegidas. Um fundo privado foi criado para a construção de guaritas em pontos estratégicos do território. Ele já conta com R$ 4,5 milhões para essa finalidade. O governo estadual também precisará garantir contrapartidas, entre elas a contratação de mais profissionais para desenvolver toda a vigilância necessária.
Os municípios também terão um papel determinante a cumprir, começando pela ativação, reativação ou fortalecimento dos seus conselhos de sanidade animal. Hoje, a região Oeste conta com 18, mas a meta é chegar a 30 até 2020. Um aspecto a ser destacado, conforme Elias Zydek, é que o Paraná é o único estado brasileiro que conta com uma lei de biossegurança para a suinocultura. Caso tudo corra bem, o Estado poderá triplicar as suas exportações de suínos, fortalecendo propriedades rurais, injetando mais recursos na economia e abrindo novas oportunidades de emprego e renda.