A Doux Frangosul, que no início deste mês arrendou todos os ativos no Brasil para a JBS, amargou queda de 86,8% no lucro líquido no ano passado em relação a 2010, para R$ 3,6 milhões. O desempenho só não foi pior porque a empresa contabilizou um ganho de R$ 31,8 milhões correspondente à recuperação de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido diferidos.
Segundo balanço publicado pela empresa, as dívidas financeiras encerraram 2011 em R$ 522 milhões, ante R$ 570,7 milhões no ano anterior. O endividamento inclui empréstimos para capital de giro e investimentos, adiantamentos de contratos de câmbio (ACC) e operações de pré-pagamento de exportações.
Já os recursos em caixa recuaram de R$ 31,5 milhões para R$ 19 milhões e com isso o endividamento líquido passou de R$ 539,2 para R$ 503 milhões. O montante equivale a 2,1 vezes o lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado do exercício, de R$ 238,7 milhões. Em 2010 a relação dívida líquida/Ebitda era de 2,27 vezes.
No início de maio, no anúncio do arrendamento dos ativos por dez anos com opção de compra, o presidente da JBS, Wesley Batista, disse que só não havia adquirido definitivamente a Doux porque não houve tempo de renegociar as dívidas com os bancos. “Se não resolvêssemos agora, a empresa colapsava porque não tinha mais caixa para pagar os funcionários nem a alimentação das matrizes”, disse o executivo na ocasião. A JBS assumiu cerca de R$ 50 milhões em débitos com criadores integrados e fornecedores, mas vai descontar o valor do aluguel pago à Doux.
A Doux registrou queda de 4% na receita bruta em 2011, para R$ 1,46 bilhão. As exportações recuaram 7,4%, para R$ 1,06 bilhão, enquanto as vendas no mercado interno cresceram 6,1%, para R$ 402,1 milhões. A receita líquida também caiu 4%, para R$ 1,4 bilhão, enquanto a margem bruta recuou de 25,4% para 24%. O resultado foi prejudicado ainda pelo aumento de R$ 82,6 milhões para R$ 125,6 milhões nas despesas financeiras líquidas.
O balanço da Doux registra R$ 312,9 milhões em “impostos a recuperar”, gerados sobretudo pelas exportações. O relatório da Baker Tilly Brasil Auditores Independentes, porém, levanta “dúvida sobre a real possibilidade de recuperação desses montantes”, levando em consideração as “operações para alienação de praticamente toda a atividade operacional da companhia”.