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Agroindústrias

Lucro externo da Brasil Foods cai 60%, para R$ 153 milhões

As vendas da BRF no mercado interno durante o primeiro trimestre do ano cresceram 9% na comparação anual.

Lucro externo da Brasil Foods cai 60%, para R$ 153 milhões

Mais uma vez impactada pelos altos estoques nos importantes mercados de Japão e Oriente Médio, a BRF – Brasil Foods registrou um lucro líquido de R$ 153 milhões no primeiro trimestre deste ano, retração de 60% sobre os R$ 383 milhões reportados no mesmo intervalo do ano passado. No período, a receita líquida da companhia foi de R$ 6,337 bilhões, avanço de 5% sobre os R$ 6,020 bilhões registrados um ano antes. No primeiro trimestre de 2012, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) atingiu R$ 532 milhões, recuo de 35% sobre os R$ 816 milhões registrados no mesmo intervalo do ano passado. Na mesma base de comparação, a margem Ebitda passou de 13,6% para 8,4%. A companhia encerrou o trimestre com caixa de R$ 2,3 bilhões e uma dívida líquida de cerca de R$ 6 bilhões. “Como já esperado, tivemos um trimestre difícil, aquém das nossas ambições e possibilidades, basicamente em função dos resultados do mercado externo”, afirmou o diretor de finanças, administração e relações com investidores da BRF, Leopoldo Saboya, citando os altos estoques no Japão e no Oriente Médio, este último responsável por 30% dos embarques da BRF.

Exportações

Entre janeiro e março deste ano, a receita com as exportações da companhia foi ligeiramente inferior, em R$ 2,4 bilhões. “O excesso de estoque no exterior e também um estoque excessivo formado no Brasil fez com que os preços começassem a cair de maneira bastante rápida já no ano passado e atingissem seu momento mais baixo entre janeiro e fevereiro”, explicou o executivo. Segundo ele, o preço em dólar das exportações caiu cerca de 15% nos últimos dois trimestres.Segundo Saboya, nem mesmo o câmbio em melhores patamares durante o período – em média, 6% mais alto do que o registrado no primeiro trimestre do ano passado – foi capaz de mitigar a redução de apetite do mercado externo. “O câmbio nos ajudou, mas não foi suficiente”, disse o diretor da BRF.
Além disso, acrescentou ele, “o câmbio foi melhor na comparação o primeiro trimestre do ano passado, mas não em relação ao quarto trimestre do ano passado”. Nos primeiros três meses deste ano, o dólar foi cotado, em média, a R$ 1,77, enquanto que no trimestre imediatamente anterior a moeda americana ficou em R$ 1,80. O resultado ruim no mercado externo, contudo, terá efeito passageiro, com os estoques se ajustando de maneira gradual, segundo Saboya. “A boa noticia é que já estamos sentido essa sobreoferta diminuindo e já temos sinais de que os estoques estão se ajustando no Japão. Os preços estão se recuperando”, afirmou. O executivo explicou ainda os problemas enfrentados pela BRF no mercado externo tiveram apenas relação com a oferta descoordenada. “Não tivemos um problema de consumo nesses países”, ressaltou Saboya.

Crescimento no mercado interno

Ao contrário do mercado externo, as vendas da BRF no mercado interno durante o primeiro trimestre do ano cresceram 9% na comparação anual, para R$ 3,5 bilhões. Mas, a despeito desse crescimento, as vendas da empresa no Brasil ficaram aquém do esperado. “O varejo se comportou de maneira tímida, em termos de avanço de consumo, por motivos ainda não claramente explicáveis”, disse ele. Mas as perspectivas para o mercado interno também são positivas, acrescentou o executivo. “Não temos números que nos confirme essa perspectiva, mas acreditamos na recuperação, com aumento do salario mínimo e a queda dos juros. Isso vai aumentar a confiança do consumidor e trazer um impacto positivo para o consumo”, afirmou.