Com ajuda do câmbio e das boas margens dos produtores das grandes cadeias do agronegócio brasileiro, a Kepler Weber viu sua receita líquida bater recorde para terceiros trimestres e alcançar R$ 330,5 milhões de julho a setembro, 63,9% a mais que no mesmo período de 2020. Nos nove primeiros meses de 2021, a receita somou R$ 809,3 milhões, um aumento de 91,3% em relação a igual intervalo do ano passado. No trimestre, o lucro líquido da companhia cresceu 78,7%, para R$ 41,1 milhões.
O resultado operacional da companhia foi também o maior da história. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado atingiu R$ 63,3 milhões no terceiro trimestre, 64,4% a mais que no mesmo período de 2020. A margem Ebitda ajustada subiu de 19,1% para 19,2% na comparação.
“Um conjunto de fatores nos permitiram esse resultado, com destaque para câmbio favorável, valorização das commodities, carteira de clientes renovada e êxito na gestão dos aumentos dos custos das matérias primas”, disse ao Valor o CEO da companhia, Piero Abbondi.
Além da alta dos preços em dólar no mercado internacional, a valorização da moeda americana em relação ao real colaborou para inflar a renda média dos produtores rurais das cadeias exportadoras, o que motivou novos investimentos. O câmbio também tornou as exportações da empresa mais competitivas, embora tenha elevado o custo de compra das matérias-primas.
“O aço é responsável por 50% do nosso custo variável e sofreu forte elevação de preços no início de 2020 e no começo deste ano. Agora parece estar se estabilizando”, afirmou Tadeu Vino, superintendente comercial e de marketing da Kepler Weber. Em função desse cenário de maior estabilidade do aço e diante da nova queda do real ante o dólar, é provável que a empresa feche o ano com resultados recorde.
Por áreas de negócios, o segmento de armazenagem e pós-colheita — responsável por 70% do faturamento da companhia — registrou aumento na receita líquida de 100,9% na comparação com o terceiro trimestre de 2020, para R$ 245,9 milhões.
Em nove meses, o avanço foi de 129%, para R$ 592,5 milhões. Na área de reposição e serviços, a companhia contabilizou receita líquida trimestral de R$ 47,9 milhões, um aumento de 93,2%. De janeiro a setembro, o montante chegou a R$ 116,9 milhões, 83% mais. “Quando crescem os projetos, é natural que também aumentem as receitas com serviços. Foi o que aconteceu”, afirmou Vino.
O segmento de negócios Internacionais, por sua vez, teve uma queda de 33,6% na receita na comparação anual, para R$ 35,7 milhões no terceiro trimestre. No acumulado do exercício, porém, ainda houve incremento de 5,2% positivo, para R$ 86,5 milhões.
A queda na comparação entre os trimestres se deve, em boa medida, à entrega de um projeto portuário no Peru no terceiro trimestre de 2020, que impulsionou o faturamento. Atualmente, a Kepler Weber direciona esforços para ampliar negócios o mercado onde atua, principalmente na África Subsariana e Eurásia.
Na área de Movimentação de Granéis Sólidos (Portos, Terminais e Agroindústrias), a receita líquida aumentou 57,5%, para R$ 1 milhão. Apesar do número ser bem expressivo, a empresa destaca que os projetos do setor são muito grandes e por isso há oscilações importantes de um trimestre para outro.