A Marfrig, uma das maiores empresas de proteína animal do país, deixou o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), criado em 2009 após uma ação do Ministério Público (MP) que corresponsabilizou toda a cadeia produtiva de carnes pelo desmatamento da Amazônia.
O MP e a organização ambientalista Greenpeace acusam frigoríficos (e por consequência o varejo) de comprar gado bovino de áreas desmatadas ilegalmente e com histórico de trabalho análogo à escravidão.
O grupo – formado por representantes de toda a cadeia produtiva, do produtor ao varejo – tem como objetivo debater e formular padrões e práticas comuns que contribuam para o desenvolvimento de uma produção sustentável no país.
Notícias Relacionadas
Ontem, em reunião realizada em São Paulo, a companhia apresentou ao grupo os motivos para seu desligamento. Segundo a Marfrig, “chegou o momento de deixar-se representar pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), entidade legal que representa todo o setor”.
Em nota, a empresa lembra a atuação de seu consultor para assuntos de sustentabilidade, Ocimar Vilela, que representou a Marfrig na presidência do GTPS desde sua fundação, em 2009. “Durante o período em que esteve à frente deste trabalho, o Grupo Marfrig construiu e aprovou o estatuto, formou comissões e firmou compromissos, como o de desmatamento zero na Amazônia”,
Conforme o Valor apurou, representantes do grupo lamentaram o “surpreendente” desligamento da Marfrig. Ainda assim, reconheceram a legitimidade da Abiec como “canal” de manifestação das posições da companhia junto ao GTPS.
Com a saída da Marfrig, a atual vice-presidente do GTPS, Daniela Mariuzzo, do Rabobank, assume interinamente a presidência da entidade no próximo dia 15. As novas eleições para a presidência do grupo estão marcadas para junho de 2012.
Entre os associados do GTPS estão Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour, representando o varejo, Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO), Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) e Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), representando a indústria, e as ONGs WWF e TNC representando a sociedade civil.
