A Marfrig Alimentos enviou comunicado ontem dizendo que “conversa com participantes de sua indústria e outros agentes de mercado sobre potenciais boas oportunidades de negócio, inclusive com a Bertin S.A”. Acrescenta que “não existe qualquer acordo fora do curso comercial normal de negócios firmado entre a Marfrig e a Bertin S.A. ou qualquer outra empresa do setor de alimentos”.
O comunicado, uma resposta à reportagem do Valor informando sobre conversações entre as duas empresas para possível fusão, é enigmático e não explica o que seriam “boas oportunidades de negócio” nem o que seria “curso comercial normal de negócios”. Mas diz que “a divulgação extemporânea de eventuais discussões preliminares poderia prejudicar interesse legítimo da Marfrig Alimentos, sendo que, até este momento, esta informação foi tratada em caráter confidencial (…)”.
Segundo o relatório, o BNDESPar busca alternativas para fortalecer o posicionamento competitivo no mercado internacional dos maiores players de proteínas brasileiros. “Acreditamos que o BNDESPar, um dos maiores acionistas das indústrias de carnes com 15% na Marfrig, 27% na Bertin e 13% na JBS, pode estar olhando alguns desses ativos, pensando sobre como combiná-los, identificando sinergias e alternativas apropriadas para financiá-los”.
O relatório diz que um dos principais desafios para combinar esses ativos é encontrar uma equação apropriada que equilibre suas participações acionárias no eventual novo ativo e estabelecer um conjunto adequado de práticas de governança corporativa que assegurem simetrias entre as diferentes partes no conselho de administração.
Segundo o Credit Suisse, isso não é impossível, mas não seria fácil alinhar interesses. “Em nossa visão, o cenário mais provável seria ter apenas um grupo controlador no conselho de administração, o que reduz o risco de mal gerenciamento. Nas atuais circunstâncias, com o endividamento da Bertin em níveis altos, acreditamos que a Marfrig teria maior poder de barganha para negociar e assumir o controle da companhia resultante”.
O banco diz que não espera que as companhias se alavanquem para fazer aquisições, pois os níveis de endividamento já são elevados. Em dezembro de 2008, a alavancagem da Bertin (dívida líquida/EBITDA) era de 4,5x, da Marfrig, de 3,8x, da JBS, de 2,0x, do Minerva, 6,1x, Perdigão, 2,9x e da Sadia, 5,8x. O nível de alavancagem considerado normal é 2,0x a 2,5x, diz o relatório.
Para os analistas do banco, qualquer acordo teria de ser fundamentado com novas ações ou por meio de troca de papéis. Além disso, a BNDESPar poderia ter papel importante no financiamento desses acordos com aumentos de capital.