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Agroindústrias

Marfrig impõe embargo a boi do bioma amazônico

<p>Empresa afirmou que trata-se de uma decisão comercial do grupo, que vinha sendo discutida há cerca de seis meses.</p>

A Marfrig Alimentos anunciou que não irá adquirir, abater ou comercializar bovinos originários de áreas do bioma amazônico que tenham sido desmatadas. O embargo começou a vigorar ontem.

Em comunicado, a empresa afirmou que trata-se de uma decisão comercial do grupo, que vinha sendo discutida há cerca de seis meses pelos diretores da empresa com o Estado. “A Marfrig compromete-se a trabalhar em parceria com governos estaduais no desenvolvimento de um Programa de Garantia de Origem dos Animais, incluindo a adesão de seus fornecedores que fazem a engorda dos bovinos com animais provenientes de outras propriedades”.

Mato Grosso apoiou a iniciativa. “Assim como fizemos em outros setores da agricultura que têm relação direta com o desenvolvimento sustentável, buscamos um programa de pecuária legal. E o passo dado pela Mafrig a partir de hoje [ontem] mostra que estamos no caminho certo”, afirmou o governador Blairo Maggi, segundo a nota divulgada pela companhia.

O Greenpeace, responsável pelo relatório “A Farra do Boi na Amazônia”, afirma que a decisão do frigorífico é, até o momento, isolada. “Estamos vendo nessa ação o caminho que todo o setor deveria trilhar: de aceitar o compromisso com o fim do desmatamento”, diz o ambientalista André Muggiati.

Segundo o grupo, o governo mato-grossense disponibilizou seu sistema de controle e monitoramento do desmatamento no Estado para verificar se as fazendas estão cumprindo os compromissos assumidos pela moratória. Segundo o Greenpeace, o Estado deve incorporar critérios ambientais ao seu sistema de rastreabilidade de fornecimento de gado, como o cruzamento de informações contidas nos Guia de Transporte Animal, nota fiscal eletrônica e dados do Sistema de Licenciamento Ambiental de Propriedade Rural.

O anúncio da Marfrig é mais um desdobramento da ação para fechar o cerco à ilegalidade na Amazônia. O Ministério Público Federal (MPF) do Mato Grosso deve apresentar, em julho, as empresas da cadeia da pecuária bovina que contribuem para a devastação da Amazônia, seguindo a ação no Pará. O órgão coleta dados sobre fazendas, frigoríficos e compradores de carne e subprodutos do boi para o cruzamento de informações. O Mato Grosso tem o maior rebanho bovino do paí, com 25,6 milhões de cabeças, e lidera a lista de desmatamento na Amazônia.