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Mesmo com a crise, JBS aposta nos EUA

Empresa está focada na integração e na incorporação de suas aquisições mais recentes nos EUA, a Smithfield Beef e o confinamento Five Rivers.

Redação (06/03/2009)-  Não conseguir concretizar a aquisição da americana National Beef e se tornar a maior empresa de carne bovina dos EUA foi um revés para a brasileira JBS S.A , mas os irmãos Batista, controladores da companhia, não são do tipo de se alongar nas queixas. 

No dia em que anunciou a desistência do negócio, no fim de fevereiro, o presidente da JBS Joesley Batista, disse que os EUA "não quiseram ter uma terceira grande empresa para ter competição com Cargill e Tyson". E, assim, tornaram a vida dessas empresas mais fácil, afirmou. 
 
Mas, agora, página virada, a JBS está focada na integração e na incorporação de suas aquisições mais recentes nos EUA, a Smithfield Beef e o confinamento Five Rivers, além do Tasman Group, na Austrália. "Estamos incorporando [as empresas] e buscando melhores rendimentos, adequando os custos", afirma José Batista Júnior, o irmão mais velho dos Batista, que atua hoje na operação americana e falou ao Valor por telefone.

Medidas como essas são fundamentais num momento de tanta incerteza na economia mundial, mas Batista Júnior mostra otimismo com a operação nos Estados Unidos. Uma das razões para isso é que a indústria de alimentos americana tem sido pouco afetada pela crise financeira internacional. As vendas da JBS no país, segundo ele, "têm se mantido justas" e não foi necessário reduzir volumes de produção de forma expressiva. 

De acordo com o empresário, a a capacidade de abate de bovinos nos EUA é de 28 mil cabeças de bovinos diariamente, e a empresa tem mantido o abate entre 25 mil e 27 mil animais. 

Ele admite que "o ano deve ser um pouco difícil nos EUA", onde a turbulência financeira já tirou milhões de empregos, mas aposta na ideia de que ninguém deixa de comer mesmo durante as crises. No mercado doméstico americano, há poucas mudanças nas vendas, mas as exportações a partir dos EUA, que atingiram líquidos US$ 2,87 bilhões em 2008, "diminuíram um pouco", principalmente para o Japão e a Coreia do Sul – a JBS também exporta para esses mercados a partir de sua filial na Austrália, onde tem capacidade de abate de 8 mil bovinos por dia. 

Sazonalmente, a Ásia reduz suas compras nesta época do ano, já que é uma região de maior consumo de carne bovina no verão. "Diminuiu um pouco porque eles estão estocados, mas de maio em diante voltam a comprar", afirma José Batista Júnior. 

A operação americana de bovinos, que inclui a filial na Austrália, é que a gera mais receita para a JBS atualmente – 47% do total de R$ 30,3 bilhões de faturamento líquido de 2008. No último trimestre de 2008, a margem EBTDA nos EUA caiu em relação ao período imediatamente anterior, de 5,6%, para 2,2%. Mas subiu sobre igual período de 2007, quando estava negativa em 3,7%. 

O que afetou o resultado do terceiro para o quarto trimestre é que normalmente o último período do ano tem menor oferta de gado para abate devido ao frio. Esse quadro dificulta a diluição de custos fixos, segundo a companhia. 

Para José Batista Júnior, o Brasil deve ser o menos afetado pela crise internacional por causa de seu grande mercado interno. E de olho nesse mercado, a empresa avalia ampliar em 40% a produção no país, para aumentar a participação no segmento doméstico brasileiro, num momento em que empresas em dificuldades financeiras saem do mercado. Aliás, Batista Júnior afirma que a JBS pode avaliar futuras parcerias com empresas em dificuldades no Brasil. Opções não faltam. 

A lógica da JBS parece ser a de crescer de novo no Brasil, já que o Departamento de Justiça dos EUA não a deixou avançar mais naquele país, onde chegou em 2007, com a compra da Swift Foods Company e engordou um pouco mais em 2008 após a aquisição da Smithfield Beef e da Five Rivers.