Os alimentos vão escassear ou encarecer advertiu o presidente da Coopercentral Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, ao fazer um balanço dos efeitos da greve dos caminhoneiros no grande oeste de Santa Catarina que paralisou três unidades industriais, ontem, e ameaça levar ao fechamento mais sete plantas nesta quarta-feira (3). Os prejuízos passam de 8 milhões de reais ao dia.
Lanznaster, o vice-presidente Neivor Canton e o diretor de agropecuária Marcos Antônio Zordan informaram que a Aurora é a principal agroindústria brasileira prejudicada, em razão do movimento se concentrar na região onde a cooperativa central mantém suas principais plantas industriais.
Bloqueios erguidos pelo movimento dos caminhoneiros afetam toda a malha rodoviária estadual e federal do oeste catarinense. Em consequência, foi obstruído o fornecimento de rações nas propriedades rurais, criando uma situação dramática no campo. A base produtiva da Aurora é formada por um plantel permanente de 25 milhões de aves e 950 mil suínos alojados em mais de 15 mil estabelecimentos, pertencentes a 4.050 criadores de suínos, 2.600 criadores de aves e 8.500 produtores de leite.
Esse plantel necessita diariamente de 3.500 toneladas de rações para nutrição animal – alimento que não está mais chegando ao campo. A falta de nutrientes pode provocar canibalismo e alta mortalidade, especialmente entre aves. Também não está chegando aos avicultores os 800 mil pintinhos/dia para reposição dos criatórios de aves.
Está obstruído, igualmente, o fornecimento de aves e de suínos aos frigoríficos e o fornecimento de leite in natura na indústria de lácteos de Pinhalzinho. Por essa razão, estão paralisadas a unidade industrial de suínos de São Miguel do Oeste (abate de 1.900 animais/dia) e a unidade industrial de aves de Maravilha (abate de 145.000 frangos/dia). Da mesma forma, parou a unidade industrial de rações de Cunha Porã.
No total, em razão dessa situação, foram temporariamente dispensados até agora mais de 2.500 trabalhadores.
AGRAVAMENTO
De acordo com a direção da Aurora, estão ameaçadas de parar nas próximas 24 horas as unidades de Pinhalzinho (lácteos), Chapecó (suínos, três unidades), Xaxim (aves), Guatambu (aves) e Quilombo (aves).
Os grevistas não permitem a circulação de aves, pintinhos, suínos, leitões, leite in natura e outros insumos. Por isso, as indústrias não recebem aves e suínos adultos para abate, enquanto os produtores rurais ficam com a produção represada no campo.
Esse quadro é potencialmente gerador de prejuízos. Os produtores têm capacidade de armazenar na propriedade apenas dois dias de produção de leite. Depôs disso, terão de suspender a ordenha ou jogar leite fora. O prejuízo também atingirá os criadores de aves e suínos que deixarão ou já deixaram de receber da Aurora a alimentação para seus plantéis.
“Haverá uma descompensação geral da cadeia produtiva”, prevê o diretor de agropecuária Marcos Zordan. Não ocorrendo alojamento de aves agora, não haverá abate em 42 dias. Não havendo a coleta no campo e a entrega do leite no laticínio, a receita do agropecuarista cairá.
A diretoria da Aurora não criticou o movimento, mas reclamou da falta de coordenação e da ausência de interlocutores. Lamentou que famílias rurais e cooperativas estejam sendo penalizadas com pesados prejuízos, ontem, estimados em pelo menos 8 milhões de reais ao dia.
A AURORA
Com 44 anos de fundação, a Coopercentral Aurora Alimentos é a terceira marca mais referenciada em todo o Brasil no segmento de carnes. Possui 20.000 colaboradores. Abate 700.000 aves por dia, mas deve chegar a 1 milhão de aves/dia até o fim deste ano. Abate 14.500 suínos/dia, processa 1,5 milhão de litros/dia de leite. tem mais de 100.000 clientes em todo o Brasil e exporta para 60 países. Suas ações sociais/assistenciais atingiram 130.000 pessoas em 2012. Conquistou importantes premiações pela sua responsabilidade social e ambiental.