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Mudança de hábito

Sadia muda e investe em produtos para classes C e D.

Da Redação 30/07/2004 – 06h35 – O perfil do consumo mudou e a Sadia também. Para acompanhar o que chama de “downgrading” do consumo, a empresa lançou no primeiro semestre deste ano produtos voltados para a classe C e D, como salsicha de frango e hambúrguer a granel. E fará outros lançamentos para esse público também neste semestre. “A Sadia está procurando o consumidor de todos os segmentos”, disse Luiz Murat, diretor de finanças da empresa, que comentou ontem os resultados da empresa no primeiro semestre em reunião com analistas.

Assim como lançou produtos mais populares, a empresa também colocou no mercado três tipos de risoto, mais duas tortas Miss Daisy e um steak.

Murat reconheceu que há uma mudança na estratégia da companhia, que tinha como foco as classes A e B para os produtos com a marca Sadia. A marca considerada “popular” da Sadia é a Rezende. Segundo Murat, a empresa está “fazendo produtos que cabem no bolso do consumidor”. Um exemplo são os itens a granel, algo que a empresa não produzia, mas que “o consumidor quer”, afirmou.

O produto a granel é mais barato porque não há custos com embalagem individual. Outro fator que reduz o preço é a matéria-prima. O hambúrger recém-lançado, por exemplo, é feito de carne bovina e também com carne de frango, matéria-prima mais barata.

Outro sinal de adequação da Sadia aos novos tempos foi o número mais modesto de lançamentos no primeiro semestre deste ano: 16 contra uma média de 30 no mesmo período de anos anteriores. Segundo Murat, a baixa demanda no mercado interno fez a a empresa reduzir o ritmo de lançamentos.

Mas o próprio Murat reconheceu que a demanda já começa a se recuperar. “Junho foi o melhor mês do ano e esperamos que seja o início da fase de melhor demanda no mercado interno”, afirmou.


O aumento das vendas no mercado interno já pode ser visto nos números da Sadia no primeiro semestre. A receita bruta com as vendas subiu 16,7% sobre o mesmo período de 2003, para R$ 1,707 bilhão. Mas é no mercado externo o maior destaque. A receita foi semelhante, de R$ 1,706 bilhão, um aumento de 40,3% sobre igual período do ano passado.

O crescimento das exportações foi o principal responsável pelo resultado operacional positivo, segundo Luiz Murat. “Exportamos US$ 1 bilhão e estamos crescendo em todos os mercados”. Com as exportações crescentes, a Sadia obteve uma geração de caixa de R$ 465,2 milhões no primeiro semestre, alta de 116,3% sobre igual período de 2003. As exportações também elevaram a margem bruta de 26,1% de janeiro a junho de 2003, para 33,4% no primeiro semestre deste ano. A gripe das aves, que afetou países asiáticos, e elevou os preços do frango no mercado internacional favoreceu esse resultado.

Apesar de comemorar os resultados operacionais do semestre, Murat lamentou o resultado financeiro, que ficou negativo em R$ 178 milhões. A empresa lucrou R$ 198,5 milhões no primeiro semestre, alta de 8,6% sobre igual período de 2003. No entanto, no segundo trimestre, o lucro caiu 28,6% em relação ao mesmo intervalo de 2003, para R$ 69,2 milhões.

De acordo com Murat, o lucro sofreu impacto financeiro de uma operação de vendas de títulos públicos, um montante de US$ 175 milhões, que compunham a carteira de fundos de investimento da empresa no exterior. Conforme Murat, a venda foi decidida pelos acionistas em abril porque a economia vivia um momento de “estresse”, com o risco-país em alta. “Os acionistas queriam que o risco da empresa fosse reduzido”. No entanto, o cenário melhorou por isso a operação resultou em perdas. “Se fizéssemos a mudança hoje, a perda seria menor”, admitiu.

O executivo informou ainda que a Sadia está renovando uma linha de recebíveis no exterior, de US$ 55 milhões para US$ 80 milhões, nos “próximo dias”.

Neste ano, a empresa, que trabalha perto de 90% de sua capacidade instalada, pretende investir R$ 150 milhões. No primeiro semestre, foram investidos R$ 100 milhões, na atualização do sistema SAP, em logística e em industrializados. Segundo Murat, a empresa estuda investir em terminal de exportação no Sul do país.