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Negócio da Perdigão deve abrir portas a empresas do PR

<p>A aquisição da Eleva, formalizada ontem, é vista de forma positiva por especialistas e entidades paranaenses do setor avícola e lácteo.</p>

Redação (01/11/2007)- A consolidação de uma empresa do porte da Perdigão pode abrir novas portas aos produtores e indústrias do Paraná, principalmente no mercado externo.

O presidente do Conselho dos Produtores de Leite (Conseleite) do Paraná, Ronei Volpi, destaca que a Perdigão tem uma presença forte no estado na área de lácteos, por meio da Batávia. “Com a aquisição, ela sacramenta a possibilidade de fazer investimentos maiores no Paraná nesse setor”, avalia. O Paraná produz cerca de 2,5 bilhões de litros de leite por ano, cerca de 10% da produção nacional, atrás de Minas Gerais, Goiás e quase empatado com Rio Grande do Sul.

Segundo Volpi, metade da produção paranaense é suficiente para abastecer o mercado estadual e o restante é vendido a granel para ser processado em São Paulo. “Temos potencial para crescer mais. A logística e a experiência da Perdigão no mercado externo vão facilitar o acesso a novos mercados, porque a tendência será comercializar com o exterior.”

Mesmo as empresas e indústrias de leite do Paraná podem se beneficiar do crescimento da Perdigão, avalia Volpi. “Elas podem fazer alianças estratégicas para ingressar em algum mercado ou podem fornecer produtos básicos como matéria-prima para as empresas da Perdigão.” O presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Paraná (Sindileite), Wilson Thiesen, tem a mesma opinião. “Uma empresa grande, que tem acesso a mercados distantes, pode dar mais estabilidade para toda a cadeia, principalmente se quisermos exportar o produto”, afirma.

Já o produtor teme perder sua rentabilidade. O presidente da cooperativa Castrolanda (Campos Gerais), Frans Borg, não sabe se as compras da Eleva (marca de leite Elegê) serão mantidas. A empresa compra 4% da produção da cooperativa. “Claro que a concentração não interessa ao produtor, pois existe o risco de derrubar o preço”, resume. Por enquanto, a relação com a Perdigão se mostrou tranqüila. “Talvez ela ainda seja caloura no ramo e por isso não mostra a mesma agressividade com que negocia no setor de carnes. A tendência é que o produtor sinta mais pressão.”

Na ponta do consumidor, o presidente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Everton Muffato, não acredita que haja aumento de preço. “A participação em laticínios da Eleva é pequena no Paraná, por isso a fusão não deve representar um grande impacto”, diz. E o cenário é de disputa acirrada. “Hoje nenhuma marca consegue concentrar liderança a ponto de elevar preços.”

Na área de frango e suínos o mercado vê intenções voltadas ao mercado externo, com a possibilidade de a Perdigão utilizar os canais internacionais que a Eleva já abriu. Os produtores esperam lucrar com o aumento do nível de qualidade e com o assédio da Sadia. “A Sadia ficou só um pouco para trás e vai tentar incorporar alguém”, diz o presidente do Sindicato e Associação dos Abatedouros e Produtores Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins.