Três anos após arrendar no Paraná a estrutura da Coagel, de Goioerê, a Coamo, de Campo Mourão, anunciou sua incorporação. O arrendamento seria válido por sete anos, mas a Coamo comandou a gestão e a comercialização de grãos, negociou dívidas, fez empréstimos para viabilizar a operação e assumiu agora a cooperativa com déficit final de R$ 36 milhões. O presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, diz que levando em conta os resultados obtidos até agora, mais os bens que a Coagel possui e entraram na negociação, “fica elas por elas” – sem desembolso. “Está empatado o que investimos e os bens que receberemos”.
Entre os bens há fazendas, sítios, casas, carros e instalações da cooperativa, que serão vendidos pela Coamo. “A solução encontrada foi boa para todos”, diz Gallassini. O executivo explica que cooperativas não entram em liquidação judicial, mas em liquidação. E a incorporação da Coagel em 2009 não é fruto de suas dívidas acumuladas.
Fundada em 1974, a Coagel atua em dez municípios e conta com 1,7 mil associados. “Não geramos desemprego, estamos tocando uma fiação [a única indústria da Coagel] e a rentabilidade voltou”, conta Gallassini. Segundo ele, a cooperativa incorporada gera o equivalente a 10% das receitas da Coamo, cerca de R$ 600 milhões. “Ela vai crescer muito agora”, afirma ele, que acredita que a agricultura da região terá maior desenvolvimento com a presença da Coamo.
A incorporação foi aprovada em assembleia extraordinária conjunta. “Um processo de liquidação de cooperativa, além de não ser a melhor saída, poderia levar mais de 20 anos para ser finalizado”, diz.
Quando arrendou a Coagel, a Coamo, maior cooperativa do setor de agronegócios da América Latina, informou que “em curto espaço de tempo” tudo estaria “estruturado e funcionando dentro da filosofia de trabalho” da cooperativa. O então presidente da Coagel, Osmar Pomini, já contava com o avanço da transação. “Esperamos que após a Coagel resolver os seus problemas financeiros e tributários, aconteça a incorporação das suas unidades pela Coamo”, disse na ocasião. Em 2010, a Coamo também arrendou unidades da Cooagri, de Dourados (MS), que foi liquidada por insolvência.
Gallassini garante que não há outras negociações de arrendamento ou incorporação em andamento. Recentemente, os associados da Coamo aprovaram investimentos de R$ 275 milhões entre 2012 e 2014 para a ampliação da estrutura da cooperativa.